Hollande avisa que aquecimento global é ameaça à paz

por Graça Andrade Ramos, João Ferreira Pelarigo - RTP
As Nações Unidas reuniram esta cimeira para debater o ambiente, as alterações climáticas e as alternativas à ameaça ecológica Jacky Naegelen - Reuters

No discurso na abertura da COP21, o Presidente francês disse aos representantes dos mais de 190 países presentes em Paris que a luta contra o terrorismo não se opõe à luta contra o aquecimento global e que um acordo sobre este tema "não pode falhar". Para tal apresentou três condições.

As Nações Unidas reuniram esta cimeira para debater o ambiente, as alterações climáticas e as alternativas à ameaça ecológica.

O objetivo é encontrar um acordo mundial que permita reduzir as emissões de carbono para a atmosfera e evitar o aumento da temperatura global em dois graus até 2100.
Minuto de silêncio
Em Bourget, França, Ban Ki-moon fez o discurso que arrancou oficialmente a cimeira que dura até dia 11 de dezembro.

O secretário-geral das Nações Unidas recordou as vítimas do atentando em Paris e do terrorismo em geral, cumprindo-se depois um minuto de silêncio.

Nesta que é a maior reunião de líderes mundiais fora da Assembleia Geral jamais realizada, François Hollande sublinhou que um acordo sobre o clima "não pode falhar". "O acordo deve ser universal, diferenciado e compulsivo", disse.

O Presidente francês afirmou ainda que a luta contra as alterações climáticas e a luta contra o terrorismo não se opõem e são ambas "desafios mundiais".

"Devemos deixar aos nossos filhos mais do que um mundo livre do terror, devemos transmitir-lhes um planeta preservado das catástrofes", disse.

Até ao momento, este foi o ano em que se bateram todos os recordes no que diz respeito a questões do clima e Hollande lembrou as consequências dramáticas desse facto.
Ameaça à paz mundial
Desde a subida da temperatura até às secas extremas e inundações em situações nunca antes verificadas, o Presidente francês destacou que o aquecimento global e as consequências desse efeito formam uma séria ameaça à paz.

"As vítimas destes fenómenos contam-se aos milhões e os estragos materiais por milhares de milhões", afirmou Hollande.

De acordo com Chefe de Estado francês, "nenhum país e nenhuma região estão livres dos efeitos das alterações climáticas", pelo que "devemos tomar consciência da gravidade e da ameaça" das alterações climáticas sobre o equilíbrio do planeta.

"O aquecimento traz conflitos, provoca migrações que atiram para as estradas mais refugiados do que as guerras", afirmou.
Condições para o sucesso
François Hollande colocou três condições para aferir o sucesso da cimeira sobre o clima, que deverão implicar todos os países do mundo, dos mais ricos aos mais pobres.

A primeira condição de Hollande fundamenta-se no estabelecimento de uma trajetória "credível" que permita evitar o aumento da temperatura global abaixo dos dois graus, "se possível".

A segunda será conseguir dar uma resposta solidária, levando os países desenvolvidos a assumir as responsabilidades históricas pela emissão dos gases de estufa.

A terceira e última condição é conseguir, com a colaboração de todos os atores sociais, políticos, económicos e religiosos, criar a consciência de que "tudo se alterou".
pub