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Human Rights Watch lamenta assassínio de membro da Renamo e diz que não é caso único

por Lusa

A Human Rights Watch (HRW) lamentou hoje o assassínio de Jeremias Pondeca, um dos membros da Renamo, lembrando ainda que há outros 10 casos de mortes políticas não resolvidas em Moçambique, disse hoje uma responsável da organização.

"É realmente uma pena que ele (Jeremias Pondeca) tenha perdido a vida desta forma bárbara", disse Zenaida Machado, investigadora para Moçambique e Angola da organização de defesa dos direitos humanos.

Jeremias Pondeca, um dos membros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) nas negociações de paz e do Conselho de Estado de Moçambique, foi assassinado no sábado, em Maputo.

"Lamentamos ainda mais que as autoridades tenham sempre dificuldades em encontrar os culpados destes crimes e este não é o primeiro caso. A Human Rights Watch já documentou cerca 10 casos e vamos publicar um documento sobre isso nos próximos dias. Todos eles não foram resolvidos, esperamos que desta vez as autoridades encontrem as pessoas por detrás deste crime bárbaro", declarou Zenaida Machado.

A investigadora referiu que "é triste que aquilo que começou como o esforço para criar pontes e construir a paz em Moçambique agora está a tornar-se naquilo que são perseguições políticas ou assassinatos políticos, formas bárbaras de acabar com a vida das pessoas".

"Penso que é escusado dizer o papel importante que o Jeremias Pondeca tinha na história da democracia de Moçambique. Ele foi, durante muitos anos, um dos mais antigos deputados da oposição e, nos últimos tempos, estava a ter um papel crucial naquela que era a equipa de negociação para se encontrar uma paz efetiva em Moçambique", sublinhou Zenaida Machado.

"A polícia confirmou que o seu corpo foi encontrado ontem (sábado) por volta das 07:00 (06:00 de Lisboa), mas só foi identificado hoje (domingo)", disse à Lusa porta-voz da Renamo, António Muchanga, referindo que o ex-deputado foi atingido por várias balas.

O porta-voz disse que Jeremias Pondeca saiu de casa na madrugada de sábado, com destino à praia da Costa do Sol, para fazer os habituais exercícios matinais, mas nunca mais voltou.

Após um interregno de uma semana, as negociações de paz foram retomadas hoje na presença dos mediadores internacionais.

A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

As autoridades acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde, ou alvos económicos, como comboios da empresa mineira brasileira Vale.

Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa, onde a Renamo tem uma base.

Os Estados Unidos e a União Europeia e o Governo português já condenaram o assassínio de Jeremias Pondeca.

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