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Imprensa norte-coreana apoia Donald Trump

por RTP
Lucas Jackson - Reuters

Um editorial publicado no jornal estatal da Coreia do Norte descreve o quase certo candidato republicano à Casa Branca como “político sábio”, em contraposição com uma Hillary Clinton “enfadonha”.

Não é propriamente uma declaração oficial do governo de Pyongyang, mas certo é que foi publicada no jornal estatal DPRK Today, num país com apertado controlo sobre o que é publicado. O editorial é assinado por um colaborador externo, Han Yong Mook, que se apresenta como um estudioso chinês da Coreia do Norte. Trata-se, de qualquer forma, de um tom inusitado de apoio internacional para um jornal estatal.

Trump é descrito como “político sábio” e um “candidato presidencial de longo alcance”, referindo-se às propostas do candidato norte-americano para estabelecer conversações diretas com Kim-Jong-un, numa entrevista à Reuters em maio.

“Na minha opinião pessoal, há muitos aspetos positivos nas políticas inflamatórias de Trump”, escreve Han Yong Mook de acordo com a tradução feita pelo NK News. “Trump disse que não se vai envolver na guerra entre a Norte e o Sul. Isto não é afortunado na perspetiva norte-coreana?”, continua o editorial, considerando que o republicano poderia ser bom para a Coreia do Norte até no sentido da unificação da Península Coreana.

Referindo um discurso de Trump em março sobre a hipótese de os EUA retirarem as forças militares da Coreia do Sul, o autor do editorial aplaude a ideia. “Sim, façam isso agora. Quem diria que o slogan ‘Yankeevai para casa’ viria a tornar-se assim verdade? O dia em que o slogan ‘yankee vai para casa [Yankee go home] se tornar verdadeiro será o dia da unificação coreana”, advoga Han Yong Mook.
"Enfadonha Hillary"
“O presidente em quem os norte-americanos devem votar não é a enfadonha Hillary – que quer adaptar o modelo iraniano para resolver o problema nuclear com a Península Coreana – mas sim Trump, que defendeu conversações diretas com a Coreia do Norte”, reforça o artigo.

O editorial sem precedentes surge entre o multiplicar de apelos da Coreia do Norte ao diálogo com Seoul e com os aliados norte-americanos.

“É impressionante”, diz Aidan Foster Carter da Universidade de Leeds, citado pelo NK News. “Assumidamente, não é Pyongyang a falar, nem mesmo o governo do DPRK na sua qualdade oficial. Mas é certamente o regime a testar as águas”. Para o resto de nós, esta é uma lembrança - se necessário fosse - de como Trump planeia alterar totalmente a política na região”, refere Foster.

Já o diretor do “Foreign Politics in Focus”, John Feffer, assegura que “Pyongyang tem esperança que Trump seja eleito (e concretize o que defende) ou que a sua nomeação mude o jogo político nos Estados Unidos e influencie a forma como os democratas e os republicanos olham para os assuntos coreanos”.
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