Israel castiga chefes de Governo britânico e ucraniano por voto na ONU

por RTP
Abir Sultan, Reuters

Não são apenas países como o Senegal ou a Nova Zelândia, mas também a Ucrânia e até uma grande potência como o Reino Unido que sofrem retaliações pelo voto contra os colonatos. E até o embaixador dos EUA é convocado para apresentar explicações pela abstenção do seu país.

O primeiro ministro israelita Benjamin Netanyahu anunciou que irá cancelar um encontro que tinha agendado com a sua homóloga britânica, Theresa May, em retaliação pelo voto britânico contra a construção de colonatos. O encontro deveria ocorrer à margem do Forum Económico Mundial em Davos, entre 17 e 20 de Janeiro.

Segundo a versão online de The Times of Israel, Netanyahu convocou também o embaixador norte-americano em Telaviv, Dan Shapiro, para lhe pedir explicações por os Estados Unidos não terem usado do seu direito de veto contra a Resolução 2334 do Conselho de Segurança, aprovada na passada sexta feira.

As duas manifestações de repúdio, dirigidas aos tradicionais grandes protectores de Israel, seguem-se ao cancelamento de um outro encontro, este com o primeiro ministro ucraniano, Volodymyr Groysman, o primeiro político judeu a chefiar o Governo de Kiev. No caso de Groysman, o cancelamento é duplamente ofensivo por implicar a anulação de uma visita de dois dias que este tinha agendada a Telaviv a partir da próxima terça feira.

Para hoje, Netanyahu convocou igualmente diplomatas de todos os países que votaram favoravelmente a resolução: os embaixadores da China, Rússia, França, Angola, Egipto, Japão, Ucrânia e Uruguai; e, na ausência dos respectivos embaixadores, os encarregados de Negócios das Embaixadas do Reino Unido e da Espanha.
Castigo ao embaixador de Angola

O mais curioso dos castigos a diplomatas contrários aos colonatos foi infligido ao embaixador de Angola - multado por uma agente da polícia de trânsito enquanto era admoestado pelo voto do seu país no MNE israelita, segundo relatou o Canal 1 da televisão israelita

As primeiras reacções de Netanyahu à condenação dos colonatos no Conselho de Segurança foram dirigidas contra a Nova Zelândia, que exerce a presidência rotativa do Conselho, e contra o Senegal, que recebe abundante apoio financeiro de Israel.

O primeiro ministro israelita dera instruções ao seu ministro dos Negócios Estrangeiros para cancelar todos os programas de apoio ao Senegal e mandara chamar a Telaviv, "para consultas", os embaixadores israelitas na Nova Zelândia e no Senegal.

Fez cancelar também a visita agendada a Israel do ministro senegalês dos Negócios Estrangeiros e todas as visitas dos embaixadores itinerantes que representam a Nova Zelândia e o Senegal junto de Israel.

A antiga ministra israelita dos Negócios Estrangeiros, e actualmente opositora à política de Netanyahu, criticara estas medidas contra a Nova Zelândia e o Senegal, fazendo notar que, com o mesmo critério, Israel deveria também cortar relações com o Reino Unido, a China, a França e a Rússia, que igualmente votaram a favor da resolução 2334.

Livni comentara também: "Netanyahu está a isolar Israel por causa de colonatos isolados". Depois desta crítica demolidora, vieram novas medidas de Netanyahu: cancelamento do encontro com May e convocação do embaixador norte-americano. O Governo de Telaviv não chega ao ponto de cortar relações com nenhuma grande potência, mas não deixa de empreender uma fuga para a frente de dimensões insólitas.
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