Jihadistas falam castelhano e “apontam” a Espanha

por RTP
Reuters

Responsáveis da luta antiterrorista em Espanha alertam que houve um “incremento de alusões” ao país em propaganda do Estado Islâmico. Os jihadistas escrevem cada vez mais em castelhano, analisam resultados eleitorais, dando um protagonismo a Espanha que “aumenta a possibilidade de uma ação de um terrorista autónomo” no território, revela o jornal El Pais.

“…em qualquer lugar que considereis um objetivo válido para castigar criminosos espanhóis… por qualquer meio disponível”, pode ler-se num comunicado emitido em árabe no passado dia 18 de julho pela Wafa Media Foundation. O interlocutor dirige-se aos habitantes do Magreb (Marrocos, Tunísia, Mauritânia e Líbia), instando ao ataque contra indivíduos de nacionalidade espanhola.

O jornal cita investigadores antiterrorismo, sublinhando que estes detetaram um “incremento das alusões a Espanha” e consideram que “a progressiva emissão de textos e comunicados traduzidos em castelhano atribuem ao país cada vez mais relevância propagandística e aumentam a possibilidade de uma ação em território espanhol”. Esta é a última análise dos peritos baseadas em atos recentes, realça o El Pais.

O jornal exemplifica com uma publicação difundida pelo Ifriqiya Media, plataforma mediática oficial da Al Qaeda do Magreb Islâmico, sobre os resultados eleitorais em Espanha: “26-J: Todos perderam, menos Marrocos”.

De há vários meses para cá, dizem os investigadores, é possível encontrar vídeos integralmente ou exclusivamente legendados em castelhano. É o caso da propaganda de uma nova filmagem do Estado Islâmico intitulada “Quem é o seguinte?”, feita em espanhol.

Em todos os casos descritos há mensagens difundidas a partir de diferentes locais onde está o Estado Islâmico, o que “implica a atuação de diferentes pessoas com diretrizes específicas de uma organização central”, de acordo com os peritos.

A bandeira de Espanha aparece numa imagem com o título “Uma religião, um califado”, em que um combatente ergue uma bandeira do Estado Islâmico, enquanto a bandeira espanhola aparece a seus pés, junto com 11 outras bandeiras.
Num contexto de perdas territoriais significativas, volta a evidenciar-se que uma das armas mais poderosas é o aparato de propaganda.
Os investigadores compilaram todo um compêndio de informações num “mais do que correto espanhol”. Diz o El Pais que fontes da investigação antiterrorista suspeitam que algumas podem ser escritas por espanhóis e creem que a finalidade é encorajar “terroristas autónomos que, frustrados pela incapacidade de viajar para a Síria ou para o Iraque, optem por atacar o seu país de origem ou residência”.

Desde 2004, ano dos atentados terroristas em Madrid, houve 181 operações contra o terrorismo jihadista (163 em território espanhol e 18 no exterior), nas quais foram detidas 692 pessoas. Os serviços secretos identificaram 186 espanhóis ou residentes em Espanha que viajaram para a Síria ou outras zonas de conflito. 25 regressaram a Espanha, sendo que 15 estão presos e 10 em liberdade. Uma estimativa fala de 75 deslocados potencialmente perigosos.
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