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Jornalista perseguido por Erdogan escapa a atentado em Istambul

por RTP
Cumhuriyet

O jornalista turco Can Dündar, um crítico do governo de Recep Tayyip Erdogan, escapou ileso a um ataque com arma de fogo à saída do tribunal onde está a ser julgado por alegadamente ter revelado segredos de Estado.

De acordo com uma testemunha citada pela agência France Presse, o atacante visou Dündar à saída do tribunal, em Istambul, disparando três tiros que falharam o jornalista, mas que terão atingido um outro repórter que cobria o julgamento.Can Dündar enfrenta a acusação de espionagem, violação de segredo de Estado e tentativa de golpe de Estado.

O ataque ocorreu em frente do Palácio da Justiça, tendo sido registado pelas câmaras de televisão que cobriam o processo de Can Dündar, editor-chefe do diário Cumhuriyet.

Aos gritos de “traidor”, o atacante fez uma série de disparos contra o jornalista, tendo de seguida largado a arma, rendendo-se calmamente à polícia.


“Eu estou bem. Não conheço esta pessoa”, explicou Can Dündar aos jornalistas que se encontravam à porta do tribunal.
Prisão perpétua e liberdade de imprensa

O episódio desta tarde em Istambul ocorre no decurso de um julgamento em que Can Dündar e o seu chefe de delegação de Ancara, Erdem Gül, são acusados de revelar que o regime Erdogan forneceu armas a grupos jihadistas na Síria.


Can Dündar e Erdem Gül enfrentam a acusação de espionagem, violação de segredo de Estado e tentativa de golpe de Estado. Em causa está a publicação em 2014 de um artigo e um vídeo em que é denunciada a entrega de armas aos rebeldes islamitas pelos serviços secretos turcos.Dündar e Gül já estiveram detidos 92 dias no âmbito deste processo, a maior parte desse tempo em prisão solitária.

Este é um caso que está a ter muita atenção internacional, tanto mais que envolve um país que procura forçar a sua entrada na União Europeia.

Os advogados de defesa referiram à saída da sessão que o procurador não insistiu na questão da pena perpétua, mas que pediu 25 anos de prisão para Dündar sob a acusação de revelação de segredos de Estado e 10 para Gül pela publicação daquelas matérias.

Face a estas acusações, os dois jornalistas arriscam pena de prisão perpétua num processo que está a ser visto como emblemático das ameaças que enfrenta a liberdade de imprensa na Turquia.
Erdogan no julgamento

O presidente turco acusou os dois jornalistas de procurarem atingir a reputação da Turquia e ameaçou Dündar com um “preço alto” pelas suas acções, o que levantou na oposição o receio de que o processo esteja a ser politizado.

Erdogan já admitiu que os camiões carregados de armamento que foram parados pela polícia na estrada para a Síria pertenciam de facto aos serviços secretos turcos, mas garantindo que se destinavam a forças turcas que se batiam simultaneamente contra o Estado Islâmico e o Presidente sírio, Bashar al-Assad.
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