Lançada campanha contra excisão no aeroporto internacional da Guiné-Bissau

por Lusa

Bissau, 07 set (Lusa) -- A estrutura do Estado da Guiné-Bissau que luta contra a prática da Mutilação Genital Feminina lança hoje uma campanha de sensibilização às autoridades que atuam no aeroporto internacional de Bissau, visando levá-las a terem mais atenção ao fenómeno.

De acordo com a presidente do comité nacional para o abandono às práticas nefastas à saúde da mulher e criança na Guiné-Bissau, Fatumata Djau Baldé, o aeroporto "é um local vulnerável" à passagem de crianças submetidas ou a serem submetidas à prática.

A iniciativa cujo lema é "campanha aeroportuária para pôr fim à Mutilação Genital Feminina" visa sensibilizar e formar os agentes das diferentes forças policiais que operam no aeroporto Osvaldo Vieira sobre como atuar perante crianças do sexo feminino que cheguem ao país.

Se a criança estiver acompanhada de um adulto, a polícia deve recolher informações sobre a zona do país para onde se dirigem, ficar com o contacto telefónico e ainda informar a pessoa sobre o facto de a prática de excisão ser um crime na Guiné-Bissau.

No momento do regresso dos pais acompanhados de crianças do sexo feminino a polícia também deve executar uma série de protocolos visando determinar se a criança foi ou não submetida à excisão, indicou a presidente do comité de luta contra às práticas nefastas à saúde da mulher e criança na Guiné-Bissau.

Fatumata Djau Baldé, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros, acredita que com o "apertar da vigilância" em Portugal, por exemplo, muitos familiares guineenses aí residentes aproveitam o período das férias escolares para trazerem as suas crianças do sexo feminino à Guiné-Bissau com o intuito de serem submetidas à excisão.

A dirigente acredita que "persiste muita resistência" por parte de cidadãos guineenses, mesmo perante a criminalização da prática, pelo que, disse, a polícia deve ser cada vez mais vigilante sobretudo nos postos fronteiriços do país.

No passado dia 31 de agosto, a mesma campanha foi lançada no principal posto de fronteira entre a Guiné-Bissau e o Senegal, na localidade de Djegue e brevemente a iniciativa será levada para outros lugares das fronteiras do país com o território senegalês e da Guiné-Conacri, indicou Djau Baldé.

A mesma campanha de consciencialização foi lancada por Fatumata Djau Baldé no aeroporto internacional de Lisboa no passado mês de julho na presença de elementos das autoridades portuguesas.

Dados da UNICEF publicados recentemente indicam que a prática da excisão tem vindo a diminuir na Guiné-Bissau, embora persistam casos em que os familiares das crianças se escondem para realizar o ritual.

Números da mesma agência da ONU apontam que cerca de 140 milhões de meninas e mulheres foram submetidas à excisão em 29 países sobretudo de Africa e do Médio Oriente e na Guiné-Bissau cerca de 45 por cento das mulheres foram submetidas à prática.

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