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Manifestação contra a corrupção ocupa avenida central da maior cidade do Brasil

por Lusa

São Paulo, Brasil, 04 dez (Lusa) - Milhares de pessoas ocuparam hoje uma avenida central de São Paulo, maior cidade do Brasil, para protestar contra o Congresso do país que na semana passada aprovou mudanças num projeto de lei contra a corrupção.

A manifestação foi convocada nas redes socais pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, dois grupos que se destacaram no Brasil por terem organizado grandes iniciativas a favor da destituição da ex-presidente Dilma Rousseff.

Como em outros protestos destes movimentos conservadores, a maioria dos adeptos vestiam camisolas da seleção brasileira de futebol e carregavam cartazes a favor da operação Lava Jato, uma investigação policial que está a investigar crimes de corrupção cometidos no país, principalmente na empresa estatal Petrobras.

"Depois do impeachment [destituição de Dilma Rousseff] não desistimos de lutar contra a corrupção. Nós vamos continuar nas ruas até que a operação Lava Jato chegue ao seu fim e que todos os políticos que roubam um centavo deste país sejam presos", declarou à multidão Kim Kataguiri, um dos principais líderes do MBL.

Mas, apesar das denúncias contra seis ministros escolhidos pelo Presidente Michel Temer, que pediram demissão dos seus cargos por suposto envolvimento em escândalos de corrupção, o chefe de Estado foi poupado nos discursos e pelos manifestantes.

Para a empresária Edna Savano, de 63 anos, o Presidente brasileiro não foi citado porque o foco hoje é o Congresso.

"Temos que combater o Congresso que quer acabar com a Operação Lava Jato. Somos contra qualquer um que favoreça a continuidade da corrupção", explicou.

Já Robespierre Alves, funcionário público de 36 anos, disse à Lusa que Michel Temer não foi mencionado porque, depois de acabar com o Partido dos Trabalhadores (PT), com os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, o movimento não tem mais um alvo específico, só uma causa.

O funcionário público referiu que aderiu ao protesto porque estava indignado com as mudanças feitas no projeto anticorrupção popularmente chamado de "10 medidas contra a corrupção", que chegou ao Congresso referendado pela assinatura de 2 milhões de brasileiros.

"Sou contra as mudanças que fizeram no pacote das 10 medidas conta a corrupção. Além de alterar e retirar parte das propostas, os deputados ainda tiveram a coragem de incluir medidas contra juízes e membros do ministério público que investigam políticos corruptos", criticou.

A manifestação de São Paulo também contou com uma forte presença de grupos que pedem uma intervenção militar no Brasil.

À frente de dois grandes carros de som era possível ver dezenas de manifestantes aplaudindo discursos ultraconservadores realizados por oradores militares que falavam a favor da dissolução do Congresso brasileiro.

André Ricardo Teixeira, analista de sistemas, de 52 anos, afirmou que simpatiza com a ideia de uma intervenção militar. Contudo, fez questão de dizer que se os militares agissem para destituir o Governo não seria por um golpe militar.

"Caso o Congresso não respeite a opinião do povo podemos chamar os militares para governarem até organizarmos novas eleições gerais. Isto não seria um golpe, já que Constituição prevê uma intervenção deste tipo. Sou a favor de novas eleições gerais e se tivermos que pedir ajuda aos militares pediremos", afirmou.

Além de São Paulo, houve protestos em todos os estados brasileiros e ainda no Distrito Federal, onde fica a capital, Brasília.

Os organizadores das manifestações contabilizaram 395 mil manifestantes em todo o país, enquanto a polícia brasileira estimou 60 mil, embora não tenha existido contabilização nos vários lugares onde se realizaram as manifestações.

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