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Marine Le Pen à espreita das regiões após ter fracassado na luta pelos departamentos

por Christopher Marques - RTP
Pascal Rossignol - Reuters

Pela última vez antes das Presidenciais de 2017, os franceses regressam às urnas para eleger aqueles que governarão as 13 grandes regiões da metrópole. Os analistas antecipam uma derrota generalizada do Partido Socialista, depois do desaire nas departamentais, mas as sondagens mostram que a vitória dos conservadores de Nicolas Sarkozy não está assegurada. Na calha está ainda a possibilidade de a família Le Pen conquistar uma ou até duas regiões gaulesas. Um resultado que, por si só, acabaria por ofuscar as votações dos partidos ditos republicanos.

Venceu as europeias, mas não conseguiu conquistar um único dos departamentos do Hexágono. Agora que os franceses se preparam para regressar às urnas em dezembro, Marine Le Pen procura conquistar pelo menos uma das novas grandes regiões do país.

A líder do partido de extrema-direita está de olhos postos nas regionais de dezembro. Neste momento há mesmo duas regiões que são apresentadas como passíveis de cair nas mãos do partido de Marine Le Pen.Esta será a última eleição nacional antes do grande combate de 2017: o sufrágio em que será eleito o novo inquilino do Palácio do Eliseu.

Estes são, precisamente, os territórios onde as candidatas são membros da família: a sul, a mais jovem do partido, Marion-Maréchal Le Pen, pode conquistar a região Provence-Alpes-Côte d'Azur.

A norte, a própria Marine Le Pen pode assumir a presidência do conselho regional da região Nord-Pas-de-Calais-Picardie.

Contudo, esta é uma eventualidade que estará sempre dependente de outros fatores e de uma fragmentação de votos entre a direita de Nicolas Sarkozy, agora rebatizada Os Republicanos, e o Partido Socialista do presidente francês François Hollande.

Caso um dos candidatos dos partidos ditos republicanos desista da corrida será mais difícil que a família Le Pen conquiste qualquer uma das regiões.
Marion à conquista do sul
É este o caso no sudeste francês. As sondagens colocam Marion-Maréchal Le Pen à frente nas intenções de voto para a primeira volta das eleições com 32 por cento.

Marion é a cabeça de lista da candidatura nacionalista na região Provence-Alpes-Côte d'Azur. A jovem candidata assumiu o lugar que estava reservado a Jean-Marie Le Pen, seu avô e líder histórico do FN. Em abril, as declarações polémicas do patriarca provocaram uma rotura entre ele, a filha e o partido, tendo acabado por abdicar da candidatura a favor da sobrinha.A cadete do partido assumiu o lugar que estava reservado para Jean-Marie Le Pen, seu avô e líder histórico do partido.

Em segundo lugar nas intenções de voto está o conservador Christian Estrosi (29 por cento), seguido do socialista Christophe Castaner (17 por cento).

Os três passariam à segunda volta das eleições na região Provence-Alpes-Côte d’Azur, e aqui as intenções de voto apontam para um empate técnico entre o conservador Estrosi (35 por cento), a sobrinha de Marine Le Pen (32 por cento) e o socialista Castaner (32 por cento).

Em caso de desistência do socialista, promovendo uma frente republicana contra a extrema-direita, já dificilmente Marion-Maréchal Le Pen sairia vencedora do ato eleitoral.
Marine à conquista do norte
Um cenário semelhante se verifica a norte. Marine Le Pen concentra 34 a 37 por cento das intenções de voto, à frente de Os Republicanos (28 a 33 por cento) e do Partido Socialista (17 a 21 por cento) na primeira volta.

Numa segunda volta a três, as sondagens apontam para uma situação de empate técnico, embora com Marine Le Pen na frente. Também aqui, em caso de frente republicana, a extrema-direita não deverá conseguir conquistar esta região francesa.
Socialistas tentam manter regiões
A dois meses da ida às urnas, o diário Les Echos antevê uma derrota pesada dos socialistas. O PS de François Hollande poderá seguir a onda de maus resultados que se verificaram nas municipais e europeias de 2014 e nas departamentais de 2015.

Afinal, os socialistas exercem atualmente o poder em 21 das atuais 22 regiões francesas, fruto da onda rosa que percorreu o país nas eleições regionais de 2010. Depois da reforma administrativa, o mapa passará agora a ter 13 regiões, e dificilmente os socialistas manterão o poder na quase totalidade dos conselhos regionais.

Uma compilação de sondagens realizada por Le Monde apura que os socialistas têm duas regiões que dificilmente perderão. Os conservadores de Nicolas Sarkozy aparecem na frente na corrida numa das regiões da metrópole. Há ainda as duas regiões onde a luta deverá fazer-se entre os conservadores e a Frente Nacional.



Nas restantes, os resultados encontram-se dentro das margens de erro, apesar de, em geral, a direita aparecer na frente.

É o caso na região Ile-de France, a maior em termos políticos, económicos e demográficos e na qual se insere a capital Paris. Esta, governada há mais de 15 anos pelo partido de Hollande poderá virar à direita.

Valérie Pécresse, ex-ministra de Nicolas Sarkozy, encontra-se bem colocada para chegar na frente à primeira volta, mas sem maioria absoluta.

Na segunda volta, Pécresse mantém-se à frente, mas com um resultado inferior à margem de erro. O rival de Pécresse é o socialista Claude Bartolone, atual presidente do Parlamento francês.
O método eleitoral

Os resultados nas várias regiões poderão ainda ser influenciados pelo próprio método de sufrágio, com a eleição a decidir-se em duas voltas.

A primeira só produz resultados práticos se alguma lista obtiver mais de 50 por cento dos votos. Caso não se verifique este resultado, passam à segunda volta todos os partidos que obtenham mais de dez por cento dos sufrágios na primeira ida às urnas.

As chamadas “triangulares”, segundas voltas em que participam As chamadas “triangulares”, segundas voltas em que participam três partidos, deverão mesmo tornar-se regra neste sufrágio.três partidos, deverão mesmo tornar-se regra neste sufrágio.

Isto porque é expectável que a Frente Nacional consiga em quase todas as regiões chegar à segunda volta, com uma luta entre PS, Os Republicanos e FN.

O método transforma ainda em regra a existência de maiorias absolutas nos conselhos regionais. Isto porque será atribuído ao partido vencedor um bónus correspondente a um quarto do total de conselheiros de cada região.

Os restantes três quartos serão distribuídos por todos os partidos, incluindo o vencedor, que tenham obtido mais de cinco por cento de votos.
As Regiões
A ida às urnas de dezembro vai definir as cores políticas do mapa das regiões francesas. Atualmente, a metrópole gaulesa encontra-se dividida em 22 regiões, das quais 21 são governadas pela esquerda.

A partir de 2016, o hexágono passará a estar dividido em 13 grandes regiões, fruto da reforma territorial promovida por François Hollande. As regiões aglomeram departamentos franceses e intervêm em áreas como o desenvolvimento económico, ordenamento do território, ensino superior e gestão dos liceus e transportes.

A primeira volta das eleições regionais realiza-se a 6 de dezembro. A maioria das decisões deverão ser conhecidas a 13 de dezembro, data da segunda volta do sufrágio. Esta será a última eleição nacional antes do grande combate de 2017: o sufrágio em que será eleito o novo inquilino do Palácio do Eliseu.
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