McLaren quer aplicar telemetria ao quotidiano

por Inês Geraldo - RTP
REUTERS

Quando um piloto de Fórmula 1 entra dentro de um carro, um grupo de engenheiros junta-se para que lhes sejam providenciados vários parâmetros de saúde que levarão uma equipa a saber quais as medidas a ser tomadas para o bem-estar de um atleta dentro dos carros, enquanto está em prova. Agora, já há quem queira aplicar essa técnica à vida quotidiana.

Geoff McGrath, chefe da secção de tecnologias de ponta da McLaren, explicou como a telemetria pode ser transportada da Fórmula 1 para o dia-a-dia, de forma a dar atualizações constantes sobre o estado de saúde das pessoas, conseguindo fazer uma monitorização das medidas a tomar para uma melhor saúde e para viver mais tempo.

McGrath explicou que nos próximos tempos o campo da saúde pode transformar-se devido à telemetria. Um dos objetivos de McGrath é transportar inovações para as nossas roupas e dispositivos tecnológicos, usados todos os dias, de manhã à noite.

Assim, num futuro próximo, estas novas aplicações tecnológicas irão medir de forma constante vários dados, que serão enviados para serem analisados. Desta forma, poderemos saber se o nosso estado de saúde é bom.

Caso contrário, poderemos vir a receber notificações sobre algo que não esteja bem, o que nos poderá levar a modificar um medicamento preciso ou a mudar a dose tomada.

Em vista está também a formação de cirurgiões através de sofisticados simuladores. Para isso, a Mclaren Applied Technologies já está a trabalhar em cooperação com a Faculdade Médica de Oxford, uma das melhores escolas do mundo.


Sensores usados como adorno para o pescoço

McGrath tem dado várias palestras a tentar explicar a sua visão para o futuro, dando grande visibilidade à McLaren Applied Technologies (MAT) nos últimos tempos.

O engenheiro de software tem tentado desenvolver tecnologias usadas na Fórmula 1 de forma a serem aplicadas ao dia-a-dia.

A MAT tem trabalhado com GlaxoSmithKline e tem retirado vários dados sobre várias doenças como a Esclerose Lateral Amiotrófica, enfartes e alzheimer.

De acordo com McGrath, em vez de serem realizados testes clínicos básicos aos clientes, serão usados sensores de baixo custo, como adorno no pescoço para serem retirados mais dados importantes sobre a saúde de quem os usa.

“Não é ciência médica exata mas é uma maneira excelente de ter mais conhecimento sobre matérias relacionadas com a biomecânica”, declarou McGrath numa das suas palestras.

“Uma das maneiras em que podemos criar tecnologia de ponta que pode revolucionar o mercado, é conseguirmos transportar este tipo de utensílios para a nossa roupa, ou aplicações que sejam atraentes para as pessoas”.

McGrath explicou ainda que espera que evoluções deste tipo sejam aplicadas no quotidiano tão rapidamente quanto se anda numa pista de Fórmula 1.

“Não me perguntem se isto pode ser feito. Perguntem-me apenas como o iremos fazer”, concluiu.
Como funciona a telemetria?


Sempre que um piloto de Fórmula 1 entra dentro de um carro são gerados vários dados que permitem às suas equipas saber que processos utilizar, para melhorar a performance do atleta enquanto está em prova.

Dentro de um carro existem pelo menos 100 sensores que recolhem informações a cada volta da pista. Os dados de todas as equipas são enviados por frequência de rádio para a FIA (Federação Internacional de Automobilismo), que os recebe de forma criptografada e envia para os donos das equipas, que assim os vão poder analisar.

Com as informações recolhidas, as equipas saberão em que parâmetros poderão mexer para melhor a performance dos atletas e dos carros, como é o caso da pressão dos pneus ou a suspensão.

Apesar de várias mudanças nos motores dos carros utilizados, a verdade é que as equipas continuam a utilizar dados de anos anteriores para escalar o melhor plano para ter sucesso nas pistas.
pub