Os jornais alemães estão a chamar-lhe a "longa caminhada", numa alusão à "longa marcha" de chineses nos anos 30 sob Mao Tsé-Tung. Milhares de refugiados e imigrantes levantaram-se e começaram a caminhar pelo próprio pé em direção à Áustria.
Milhares de pessoas retidas na Hungria começaram contudo a dirigir-se a pé para a fronteira da Áustria, caminhando ao longo da estrada, apesar dos esforços da polícia húngara para as deter.
Em Budapeste, onde se tinham juntado à espera de comboios na estação de Keleti, bloqueadas pelas autoridades da Hungria, um grupo de 500 pessoas quebrou as barreiras da polícia e começou a caminhar para a fronteira.
Gritavam "Alemanha! Alemanha!".
São liderados por um homem sírio com uma só perna e de muletas, que ostenta uma fotografia da chanceler Angela Merkel ao peito.
Laszlo Balogh, Reuters
Fuga do campo
Um grupo de 300 migrantes, que haviam passado a noite num comboio bloqueado pelas autoridades húngaras em Bickse, perto de Budapeste, abandonou a composição e começou igualmente a caminhar em direção à Áustria.
Perto da fronteira, a polícia de choque interveio para evitar que outro grupo de 300 pessoas abandonasse um campo de acolhimento. Encerrou uma auto-estrada e conseguiu empurrar a maioria das pessoas de volta para o campo mas a situação é volátil.
Mais de 140.000 migrantes chegaram desde janeiro à Hungria mas a vaga das últimas semanas deixou as autoridades sem meios para registarem em tempo útil todos os que chegam.
A galeria de imagens abaixo regista os principais momentos do início da "longa caminhada" da Hungria até à Áusrtia.
Regras da UE
A Hungria afirma estar a cumprir regras da União Europeia que obrigam ao registo dos migrantes e refugiados. Mas centenas destes têm recusado e exigem que os deixem seguir viagem até à Europa central.
De acordo com as regras da UE, os migrantes têm direito de livre circulação no Espaço Schengen desde que sejam registados e processados em termos de identidade no primeiro país a que cheguem.
Contudo a Alemanha decidiu quebrar esta regra e registar ela própria todos os refugiados e migrantes que entrem nas suas fronteiras, prometendo contudo distinguir entre os que podem ficar e os que terão de regressar aos seus países.
Corredor ferroviário para migrantes
A República Checa e a Eslováquia propuseram esta tarde em Praga a formação de um corredor ferroviário para refugiados sírios entre a Alemanha e a Hungria, se Budapeste e Berlim concordarem.
Os ministros do Interior de ambos os países lançaram a ideia durante uma conferência de imprensa conjunta.
"A República Checa e a Eslováquia podem estabelecer um corredor ferroviário para os refugiados sírios que se dirigem para a Hungria e a Alemanha, se Berlim e Budapeste se concertarem sobre a proposta", declarou o ministro checo Milan Chovanec.
"Deixaríamos passar estes comboios sem controlar mais os migrantes, acompanha-los-íamos, somente", acrescentou.
A pressão de centenas de milhares de pessoas oriundas do Médio Oriente em particular Síria e Iraque, está a deixar as autoridades da Europa de leste sem meios para resolver a crise.