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Multinacionais alertam para riscos da saída do Reino Unido da União Europeia

por Christopher Marques - RTP
Por enquanto, os apoiantes da permanência do Reino Unido parecem seguir na frente das sondagens Luke MacGregor - Reuters

Os responsáveis de 51 das principais empresas europeias são as mais recentes personalidades a alertar para as consequências do Brexit. O grupo admite que o projeto europeu enfrenta desafios mas acredita que estes não devem ser combatidos de forma individual pelos Estados-Membros. Paulo Azevedo, diretor executivo da Sonae, está entre os que acreditam que a necessidade de “a Europa ficar junta nunca foi tão forte”.

São apenas 51 líderes empresariais, mas representam boa parte da indústria europeia, responsável por quase sete milhões de postos de trabalho. Organizados sob o teto da European Round Table of Industrialists (ERT), são os mais recentes defensores da permanência do Reino Unido na União Europeia.

Em comunicado, os responsáveis assumem a defesa do projeto, apontando que “a necessidade de a Europa trabalhar e ficar junta nunca foi tão forte”. O grupo menciona alguns dos atuais problemas da União, aos quais junta as “consequências de um eventual Brexit”.

“O desmembramento do Mercado Único e das regras aplicáveis aos 28 iria reduzir e não impulsionar a nossa prosperidade. Uma Europa unida beneficia o investimento e a criação de emprego”, garantem.

“Embora respeitando a decisão do povo do Reino unido, acreditamos que uma Europa sem o Reino Unido seria mais fraca, assim como o Reino Unido seria mais fraco fora da Europa”, alertam.

Os líderes de 51 das principais empresas do Velho Continente mencionam os desafios que a União Europeia atualmente enfrenta e avisam que “nenhum Estado-membro os pode enfrentar sozinho”.

As empresas da ERT faturam anualmente mais de dois bilhões de euros, ou seja, mais de dez vezes a riqueza produzida em Portugal por ano. A ERT refere ser responsável por quase sete milhões de postos de trabalho e investir mais de 50 mil milhões de euros em Investigação e Desenvolvimento por ano.

O grupo é atualmente presidido por Benoît Poitier, líder da empresa francesa de gases industriais Air Liquide. Os responsáveis pelas britânicas Vodafone, Centrica, Rolls Royce e BP também se juntam ao manifesto.
Sonae assina documento
Paulo Azevedo, filho de Belmiro de Azevedo e diretor executivo da Sonae, é o único português a assinar o documento. Um texto no qual se apontam os desafios aos quais o projeto europeu deve responder e se sublinham as qualidades do projeto.

“A União Europeia tem sido uma força de mudança positiva – tanto no plano económico e social, como em termos de segurança e qualidade de vida”, afirmam. O grupo recorda que os 28 são, no seu conjunto, a maior economia mundial e principal bloco comercial.

Elencam as conquistas da liberalização do mercado das telecomunicações, da aviação e da energia, a facilidade em viajar, a segurança alimentar, o apoio à investigação e o apoio de Bruxelas aos países do terceiro mundo. Admitem que a União “precisa de ser melhorada”, mas pedem que esse esforço seja feito no seio dos 28, com Londres.

“O trabalho na resposta aos desafios que a União Europeia enfrenta não está acabado. É particularmente urgente e vital cooperar na segurança transfronteiriça, de modo a lutar contra o terrorismo e de atacar as causas e consequências da crise dos refugiados”, aponta.

Também no quadro empresarial pedem mudanças. A ERT defende um mercado da energia “integrado e eficaz”, que garanta as necessidades energéticas do velho continente e reduza as emissões poluentes, mas preservando a competitividade empresarial.

Os industriais pedem que seja mantida a aposta no ensino e na formação e que se facilite o acesso das pequenas empresas a financiamento e a recursos humanos fora das fronteiras nacionais. Pretendem ainda ver concretizado o mercado único digital.

“Só uma resposta conjunta aos problemas comuns nos trará as mudanças necessárias para melhorar as condições de vida e trabalho das populações europeias, especialmente para os mais jovens e para as gerações futuras”, concluem.
Líderes mundiais contra Brexit
Esta nova posição junta-se aos alertas que têm sido feitos nas últimas semanas. O Fundo Monetário Internacional e Barack Obama avisaram já para “perigos” associados ao Brexit. Um estudo da JWG aponta que a saída do Reino Unido poderá custar cerca de 21 mil milhões de euros aos serviços financeiros britânicos até 2026.

A plataforma Vote Leave, que organiza a campanha a favor da saída do Reino Unido, mantém os argumentos, apontando que Londres envia 350 milhões de libras por semana para Bruxelas.

O grupo promove mesmo um passatempo para dar 50 milhões de libras a quem adivinhe os resultados dos jogos do Europeu de futebol. O valor é simbólico: o grupo aponta que este é o montante enviado todos os dias por Londres a Bruxelas.

Por enquanto, os apoiantes da permanência do Reino Unido parecem seguir na frente das sondagens. O Financial Times Poll of Polls, que agrega sondagens de diferentes empresas, aponta que 46 por cento está a favor da permanência. No entanto, os resultados têm se mostrado díspares, nomeadamente nas sondagens feitas pela internet.

Um facto mostrado pelas sondagens realizadas, por exemplo, pela ICM para The Guardian. Usando metodologias semelhantes, a sondagem telefónica aponta para uma vantagem dos que defendem a manutenção (55 por cento contra 45 por cento). Na sondagem online, são mais os britânicos que defendem a saída - 52 por cento contra 48 por cento.

Nas casas de apostas, aponta-se que a vitória do Stay é o cenário mais provável. Por exemplo na bet365, uma aposta no Stay permite um lucro de duas libras por cada dez libras investidas (1/5). Uma aposta no Leave pode conduzir a um lucro de 35 libras por cada dez libras investidas (7/2). A decisão é tomada pelos britânicos no próximo dia 23 de junho.
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