Os ministros de Defesa dos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/ NATO) deram luz verde esta manhã à realização de operações navais de vigilância no Mar Egeu, anunciou o secretário de Estado da Defesa dos Estados Unidos, Ashton Carter.
"A NATO e todas as partes presentes à mesa esta manhã aprovaram a vontade da NATO em apoiar e participar nesta operação", declarou Carter.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, anunciou que a organização vai enviar "sem tardar" para o Egeu um grupo naval aliado sob comando alemão.
O comandante das forças aliadas na Europa, o general americano Phillip Breedlove, "está neste momento a ordenar ao grupo naval permanente número dois que se dirija ao Mar Egeu sem tardar e iniciar aí uma missão de vigilância," revelou Stoltenberg, ao especificar o dispositivo a aplicar pela NATO.
Os navios da NATO vão operar em coordenação com embarcações militares gregas e turcas, assim como com os meios da Frontex, a agência que controla as fronteiras da União Europeia.
Todos os dias, mesmo de inverno, milhares de pessoas, na sua maioria refugiados da Síria, arriscam a vida para tentar chegar as costas europeias, vindos da Turquia.
"Qualquer missão irá dirigir-se provavelmente contra as redes de tráfico de pessoas", acrescentou por seu lado Ashton Carter, sobre a natureza na missão.
"Existe agora um sindicato do crime que está a explorar estas pobres pessoas e isto é uma operação de tráfico organizado", lembrou o responsável norte-americano na conferência de imprensa em Bruxelas, após a reunião ministerial.
"Ocuparmos-nos disto é o maior contributo que se pode ter na dimensão humanitária", afirmou.
A ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, disse também que "é necessário agir rapidamente".
Em Lesbos, a RTP visitou os montes de coletes salva-vidas abandonados pelos imigrantes à chgada à ilha e que muitas vezes não são mais do que uma armadilha.
Tsunami de pessoas
A crise de refugiados dura há vários anos mas em 2015 atingiu um pico sem precedentes, com milhares de pessoas a atravessar diariamente o Mar Egeu, vindas da Turquia, para chegar às costas europeias da Grécia, na ilha de Lesbos.
A nova rota dos migrantes eclipsou em pouco tempo a da Líbia e do Mar Mediterrâneo, que termina na ilha italiana de Lampedusa e nos seus campos de acolhimento.
Só a Alemanha recebeu em 2015 mais de um milhão de imigrantes. Os países do norte da Europa, com a Suécia e a Dinamarca à cabeça, foram forçados a alterar as suas políticas tradicionais de abertura aos imigrantes e de pedidos de asilo.
O tsunami de pessoas apanhou a União Europeia desprevenida e acabou por levar ao colapso do acordo de livre circulação de pessoas, com vários Estados a encerrar as suas fronteiras e a suspender Schengen.
Foram criados vários campos humanitários e tentou-se aplicar um plano de distribuição de migrantes pelos vários Estados europeus, com sucesso praticamente nulo.
Até agora, a União Europeia foi incapaz de concordar numa política comum para lidar com a crise. A Alemanha tem liderado esforços para auxiliar financeiramente a Turquia e países africanos a reter os migrantes, impedindo a sua viagem para a Europa.