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"Newsweek" acusa Trump de ter furado embargo a Cuba

por RTP
Carlo Allegri, Reuters

O candidato republicano à Casa Branca tem aparecido como estrénuo defensor do embargo a Cuba. Uma das publicações de referência dos Estados Unidos contou agora como ele tem furado esse embargo.

Segundo a Newsweek, a Trump Hotels & Casino Resorts gastou pelo menos 68 mil dólares na ilha governada ainda por Fidel Castro, no ano de 1998, para custear uma viagem de um grupo de consultores e depois tratou de camuflar essas despesas por trás da aparência de uma obra de caridade.

Segundo aquela publicação de referência, o pagamento, que furava o rigoroso embargo imposto pelos EUA ao pequeno país vizinho, teve lugar sete meses antes da primeira campanha de Donald Trump para a Presidência. Esta fragilidade oculta não o impediu de viajar a Miami, no primeiro dia da campanha, e de prometer à comunidade cubana local que iria manter o embargo e que ele próprio nunca gastaria um cêntimo em Cuba enquanto Fidel Castro não fosse derrubado.
Do discurso de Trump em Miami, Novembro de 1999

"Investir dinheiro em Cuba neste momento não vai [sic] para o povo de Cuba. Vai para Fidel Castro. Ele é um assassino. É um homicida. É um tipo mau sob todos os aspectos e, francamente, o embargo tem de manter-se, mesmo que não seja por mais nada, porque, se se mantiver, ele vai vir abaixo".

A Newsweek não conseguiu obter comentários, quer da organização de campanha de Trump, quer do seu grupo empresarial, sobre a controversa viagem de 1998. Mas diz ter conseguido o depoimento de um antigo director de uma firma de Trump, falando a coberto do anonimato, que negou ter sido solicitada qualquer autorização oficial para a viagem, como seria obrigatório fazer nos termos da lei.

A mesma fonte referiu o contacto - antes da viagem - de várias firmas europeias com o grupo empresarial de Trump, no sentido de se estudar um eventual investimento conjunto na ilha. Aguardava-se na altura que o presidente Bill Clinton alterasse a legislação e afrouxasse alguns mecanismos do embargo. Trump e os seus putativos sócios europeus queriam encontrar-se em posição favorável na grelha de partida, se a partir daí se abrisse um caminho para os negócios em Cuba, especialmente com o plano de construirem um casino.

No momento da viagem, a Trump Hotels lutava com dificuldades financeiras, resultantes de prejuízos que, só para o ano de 1998, atingiram os 39,7 milhões de dólares. O valor das acções da firma tinha caído em quase 80 por cento (de 12 dólares para 2,75).

Nesse transe difícil, a Trump Hotels procurava desesperadamente outras parcerias e julgou ver uma oportunidade de ouro no anunciado afrouxamento do embargo. Começou, portanto, a comportar-se em consonância, mas sem que o discurso público de Trump tenha registado qualquer alteração.
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