"O que aí vem é o diretório"

por Rui Sá, João Fernando Ramos

Os mercados acalmaram, o Reino Unido diz-se sem pressas para formalizar a saída. França, Itália e Alemanha reuniram-se em Berlim para dizer que compreendem mas que querem celeridade no processo. A Eurodeputada Marisa Matias diz que este é um mau sinal. "A Europa como a idealizamos morreu. O que vem aí é o diretório".

David Cameron foi ao parlamento e afasta a ideia de um novo referendo. A decisão dos britânicos é definitiva mas negociar uma saída só depois de existir um novo primeiro-ministro em Downing Street, e de o país ter certezas sobre que tipo de acordo quer negociar com a União Europeia.

O FMI e os Estados Unidos vieram já pedir calma no processo de transição, com John Kerry a deixar bem claro em Bruxelas que os Estados Unidos estão ao lado do Reino Unido neste processo.

No Jornal 2 a eurodeputada do Bloco de Esquerda lamenta a forma como a Alemanha está a conduzir todo o processo. Criticas para uma estratégia que concerta apenas as posições, e os interesses, dos grandes países, e os do núcleo fundador da União.

Marisa Matias comenta também a questão das eventuais sanções a Portugal. "seria absurdo pensar que a Europa vai sancionar o nosso país por ter cumprido com as suas orientações e, com isso, não ter sido capaz de obter um défice abaixo dos 3%".

Esta segunda feira alguma imprensa avança que as sanções poderiam-se revestir de uma multa equivalente a 0,2% do PIB nacional acrescida da suspensão dos fundos comunitários que dão corpo ao Portugal 2020.

Nesta entrevista Marisa Matias adianta que praticamente todos os países da zona euro, à exceção do Luxamburgo ("pelas piores razões - porque é um paraíso fiscal") falham de alguma forma com os critérios dos tratados.

Quanto à proposta de um referendo à Europa, apresentado por Catarina Martins este fim de semana, a dirigente do Bloco de Esquerda é clara: "não é referendar a nossa participação na união". No Jornal 2 Marisa Matias diz que seria uma forma de protesto e uma afirmação da soberania nacional. "se todos os partidos e todas as instituições nacionais estão de acordo que seria absurdo aplicar sanções a portugal, e se Bruxelas decidir ainda assim avançar com elas, temos que nos manifestar recusando a sua aplicação", disse.
pub