"O texto é "Não". O Contexto é bem diferente"

por João Fernando Ramo

Mariano Rajoy perdeu pela segunda vez uma primeira votação de investidura como Primeiro-ministro. Na sexta feira será feita nova tentativa para quebrar o impasse político que já obrigou a chamar os espanhóis por duas vezes às urnas.
Emílio Rubio lê as entrelinhas da posição do PSOE - "O texto é "Não". O Contexto é bem diferente e pode mudar ainda mais nas próximas semanas". O responsável pelo Centro de Estudos de Espanhol do Porto lembra que há eleições já em setembro na Galiza e na Catalunha e que o seu resultado pode obrigar a realinhar posições em Madrid antes mesmo de terem que ser convocadas novas eleições.

Socialistas e Podemos mantêm o "Não" à investidura de um governo liderado por Mariano Rajoy. Das bancadas da Coligação Canárias e dos Ciudadanos vieram, como se esperava, as únicas respostas positivas ao apelo de diálogo.

Nenhum dos apelos a um consenso nacional está a surtir efeitos.

À esquerda, o Podemos contesta o argumento de Rajoy de que só os populares têm legitimidade governativa, por terem vencido as duas ultimas eleições. Pablo Iglesias desafia o PSOE a constituir uma frente alternativa. Uma construção que foi tentada em abril mas falhou até porque está dependente dos Nacionalistas Catalães que só dão o sim a uma maioria em troca de um referendo vinculativo à independência da região.

No Jornal 2 o responsável pelo Centro de Estudos de Espanhol do Porto lembra que as eleições autonómicas marcadas para setembro na Catalunha e na Galiza, podem ser decisivas no desenhar de uma solução governativa. "Quer por via de pressão sobre quem a bloqueia, quer por via de fazerem cair exigências que não podem ser satisfeitas".

"Até sexta feira é improvável que alguma coisa mude", mas depois de falhada pela segunda vez a investidura de Rajoy, o Rei tem dois meses para tentar promover o diálogo e a construção de uma solução que evite novas eleições.

Emílio Rubio lembra que o país ("até mesmo as autarquias e autonomias lideradas pelos socialistas") precisam de um orçamento e que sem governo isso não é possível. "Há também que atender ao facto de que todos os estudos mostram que a cada nova eleição o PP vai crescer em número de votos e deputados. Para a oposição se manter em posição de exigir contrapartidas pelo apoio à viabilização de um governo o tempo joga contra. Rajoy sabe disso e está a jogar com essa carta".
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