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"Os processos de recolocação (de refugiados) exigem paciência"

por João Fernando Ramos, Rui Sá

Portugal está pronto para acolher 470 refugiados Yazidis que estão num campo de apoio na Grécia.
O plano foi traçado pela eurodeputada Ana Gomes há mais de seis meses, mas esbarrou na burocracia e regras europeias.
No Jornal 2 Rui Marques, da Plataforma de Apoio aos Refugiados não sabe quando é possível desbloquear o problema, mas acredita que será possível uma solução portuguesa "para esta comunidade que é das mais perseguidas de entre todos os refugiados". "Os processos de recolocação exigem paciência, são extremamente complexos".

Portugal já acolheu este ano cerca de 600 refugiados e migrantes que estavam em campos de acolhimento temporário na Grécia. "até ao final do ano o número pode chegar aos mil", afirma Rui Marques.

O governo Português comprometeu-se a receber 4500 pessoas, mas os pedidos de colocação no nosso país não têm sido comuns. O processo de relocalização dos refugiados está dependente de um pedido prévio dos interessados.

"A maior parte dos refugiados nunca ouviu falar de Portugal, não sabe onde fica. Os migrantes querem ir para onde os seus familiares já estão e não podemos esquecer que países como a Alemanha, ou Noruega receberam milhares de refugiados o ano passado", explica Pedro Pedrosa.

O voluntário que acaba de chegar da Grécia, onde trabalhou em diversos campos de acolhimento, lembra que as condições se estão a degradar devido ao excesso de migrantes. Naquele país há mais de 60 mil à espera de um visto de entrada na União Europeia.

"No inicio tudo funciona bem. Há tendas do ACNUR para todos, comida para todos", refere no Jornal 2 Pedro Pedrosa. "O problema é quando os campos crescem desmesuradamente, muito para além do que foram pensados".

Rui Marques concorda e lembra que foi isso mesmo que aconteceu em Calais. "no inicio o campo tinha muito boas condições. Foi quando se estabeleceu um acampamento clandestino na sua periferia (porque as pessoas já não cabiam no campo oficial de Calais) que os problemas surgiram". O coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados acredita na bondade da decisão das autoridades francesas ao desmantelarem a "Selva". "A solução de permitir uma vida nova em outras regiões de França, em campos mais pequenos, onde o acolhimento e o trabalho de integração seja possível é positivo".
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