PGR moçambicana exumou 11 corpos abandonados no centro do país para autópsia

por Lusa

Chimoio, Moçambique, 30 jun (Lusa) - A Procuradoria-Geral da República de Moçambique na província de Manica, centro do país, anunciou a exumação de 11 corpos descobertos por jornalistas ao abandono no distrito de Macossa, para a realização de autópsias, noticia hoje a comunicação social moçambicana.

Os corpos, descobertos debaixo de uma ponte por vários jornalistas, foram exumados no dia 23 e estão depositados na morgue do Hospital Central da Beira, na província de Sofala, onde uma equipa médica irá fazer a recolha de dados que permitam a identificação dos corpos e a determinação da causa das mortes.

Em maio, a Procuradoria-Geral da República de Moçambique anunciou que uma equipa da instituição enviada ao local identificou a existência de 11 corpos e instaurou um processo visando o apuramento das circunstâncias das mortes.

"A procuradoria foi ao local para ver o que estava a acontecer, acompanhada de outras entidades que são chamadas ao caso e com destaque para um técnico de medicina, que fez a vez de um médico legista. Já se instaurou um processo que está a correr seus termos, e os corpos encontrados foram em número de 11", disse Taíbo Mucobora, porta-voz da Procuradoria-Geral da República.

A Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade da Assembleia da República de Moçambique considerou que a presença de corpos abandonados debaixo de uma ponte na província de Manica configura uma violação dos direitos humanos.

"Lamentamos o facto de termos encontrado aquela situação de 11 corpos debaixo da ponte. São restos, ossadas, o que configura uma violação dos direitos humanos", afirmou o presidente da comissão, Edson Macuácua, após uma visita dos deputados ao local, mais de um mês após as primeiras denúncias e depois de as autoridades provinciais terem dado garantias de que os cadáveres tinham sido condignamente enterrados.

Apesar de as autoridades apenas mencionarem os onze corpos debaixo da ponte, existem pelo menos mais nove cadáveres documentados por jornalistas, numa zona próxima, entre os distritos de Macossa e Gorongosa, e sobre os quais não há mais informações.

A 30 de abril, jornalistas de vários órgãos de comunicação social, incluindo a Lusa, testemunharam e fotografaram 15 corpos espalhados no mato em dois locais entre os distritos da Gorongosa, província de Sofala, e Macossa, Manica.

Estes corpos foram posteriormente observados por vários órgãos de comunicação social moçambicanos e pela cadeia de televisão Al-Jazira, que mostrou restos humanos ainda visíveis três semanas depois de terem sido descobertos.

Mais cinco corpos foram encontrados por um grupo de jornalistas da France Presse (AFP) e Deutsche Welle (DW) em Macossa, aumentando para vinte o número de cadáveres descobertos na região.

Os corpos foram abandonados nas proximidades do local onde camponeses alegaram à Lusa ter observado uma vala comum com mais de cem cadáveres, até ao momento desmentida pelas autoridades.

A região da Gorongosa, onde se presume encontrar-se o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, tem sido marcada por confrontos entre o seu braço armado e as forças governamentais.

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