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Polónia reabre processo de extradição de Roman Polanski para os EUA

por Cristina Sambado - RTP
Kacper Pempel - Reuters

A Polónia reabriu o processo para extraditar Roman Polanski para os Estados Unidos, anunciou Zbigniew Ziobro, ministro da Justiça polaco. O cineasta franco-polaco é acusado de ter violado uma menor em 1977, no Estado norte-americano da Califórnia.

Zbigniew Ziobro revelou, durante uma entrevista a uma rádio pública, que vai apresentar um recurso no Tribunal Supremo para impugnar “uma decisão do tribunal de Cracóvia de não extraditar Polanski para os Estados Unidos, onde é acusado de um crime cruel contra uma menor. Uma violação”.

A iniciativa de extraditar Roman Polanski segue a orientação do Governo conservador do Partido Direito e Justiça, que afirma estar “a realizar uma obra de saneamento no país, tendo como objetivos as elites liberais”.O conservador Zbigniew Ziobro, além de ministro da Justiça é também Procurador-Geral e os seus poderes foram ultimamente dilatados.

“O direito é o mesmo para todos. Se ele fosse professor, médico, canalizador, encenador ou pintor, tenho a certeza que qualquer país o teria extraditado há muito tempo para os Estados Unidos. Polanski não pode receber favores especiais pela sua carreira artística”, afirmou Zbigniew Ziobro.

A 30 de outubro o tribunal de Cracóvia tinha rejeitado a extradição de Roman Polanski e o Ministério Público decidiu não apelar da decisão.

Os Estados Unidos solicitaram à Polónia, em janeiro de 2015, a extradição do cineasta após uma aparição pública de Roman Polanski em Varsóvia.A decisão foi semelhante à tomada pela Suíça que em 2010 também rejeitou um pedido de extradição de Polanski.

Para um dos advogados do realizador de “Chinatown” e “O Pianista” a decisão do Ministério da Justiça polaco “não é uma surpresa”.

“Já esperávamos, o senhor Ziobro já havia declarado há algum tempo que faria isto. No momento não podemos fazer comentários, pois já não sabemos de já fez ou ainda vai fazer”, afirmou o advogado Jerzy Stachowicz.

Outro advogado do realizador afirma que Polanski não teve privilégios e que o seu cliente não está acima da lei, No entanto, destaca que “no caso da Polónia não se pode afirmar que o cineasta tenha sido tratado de maneira distinta de um cidadão comum”.

“Se não tivéssemos argumentos profundos, que apresentámos durante um anos ao tribunal, estou convencido que a fama de Polanski não o teria protegido”, afirmou Jan Olszewski, um dos advogados polacos que está a defender o realizador.

O Supremo Tribunal pode agora confirmar ou anular, parcial ou completamente, a decisão, enviando o processo de extradição novamente para os tribunais.
Caso quase com 40 anos
Em 1977, na Califórnia, Roman Polanski, então com 43 anos, foi perseguido judicialmente por ter alegadamente violado Samantha Geimer, na altura com 13 anos.

Após 42 dias de prisão e depois de ser liberado sob caução, o realizador declarou-se culpado de “relações sexuais ilegais com uma menor. Abandonou os Estados Unidos antes do anúncio do veredicto por recear uma pena que poderia chegar aos 50 anos de cadeia.

Roman Polanski nasceu em França há 82 anos, filho de pais polacos. Atualmente, o realizador mora em França com a mulher, a atriz Emmanuelle Seigner, mas viaja com muita frequência para a Polónia. Não regressou aos Estados Unidos nem para receber o Óscar de melhor diretor, em 2003, com o filme “O Pianista”.

Além de “Chinatown” e “O Pianista”, Polanski realizou, entre outros, “Repulsa”, Baile dos Vampiros”, “O Inquilino”, Rosemary’s Baby” ou “Tess”.
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