Pode ser a quinta vitória consecutiva na corrida a secretário-geral das Nações Unidas para o ex-primeiro ministro português e ex-comissário da ONU para os Refugiados. António Guterres tem esta segunda-feira como principais rivais o eslovaco Miroslav Lajcak e o sérvio Vuk Jeremic.
Só o esloveno Danito Turk se aproximou, também com 11 votos favoráveis na primeira votação, mas tem vindo a perder nas seguintes, conseguindo sete, cinco e sete de novo, respetivamente.
Já Lajcak tem feito o percurso inverso. Apesar de um mau resultado (dois votos) na segunda votação, tem vindo a recuperar e obteve mesmo dez votos favoráveis na quarta votação. Poderá revelar-se uma alternativa a Guterres, sobretudo se conseguir o apoio russo.
A Eslováquia exerce neste momento a presidência rotativa da União Europeia e já fez olhinhos ao apoio de Moscovo, prometendo aliviar as sanções europeias contra a Rússia.
Os votos negativos
Caso o Governo búlgaro substitua a sua candidata Irina Bokova (apoiada pela Rússia mas que só na primeira votação obteve nove votos favoráveis, tendo descido depois para sete) por Kristalina Georgieva (alegadamente a preferida da Alemanha), Lajcak poderá de repente adquirir o apoio de um peso pesado no Conselho de Segurança.
Jeremic tem sido mais constante, oscilando entre os nove e os sete votos, mas é pouco provável que venha a fazer sombra ao português nesta quinta votação. Apresenta-se com o reformador da ONU mas já se assumiu anti-NATO e é visto como um nacionalista sérvio, contra a independência do Kosovo.
Aqui torna-se interessante olhar para os votos negativos. Guterres é o que tem tido menos, tendo mesmo na primeira votação passado absolutamente "limpo". A Rússia estará na origem de um dos dois a três votos negativos que recebeu entretanto o que poderá ameaçar a eleição do português.
Nos bastidores
Contudo, as manobras de bastidores da última semana em Nova Iorque permitiram saber que Moscovo nada tem a opor a eleição de Guterres como secretário-geral da ONU e que o português granjeia simpatias de todos os quadrantes e de todos os continentes, sendo a sua capacidade de diálogo, de tolerância e de "criar pontes" apontadas como as suas grandes vantagens numa era de globalização.
A sua experiência com as sucessivas crises de refugiados é igualmente um ponto forte. Por outro lado, apesar da sua carreira como comissário é visto como independente da máquina da ONU.
Correm rumores de que, caso Guterres indique como seu vice Lajcak ou Bokova, terá garantido o apoio da Rússia e a eleição.
A próxima votação está marcada para dia 4 de outubro e será a primeira em que os membros permanentes votam com cartões coloridos, o que irá permitir perceber como cada um deles se pronuncia sobre o português.