Rajoy aceita pedido do Rei de Espanha para tentar formar Governo

por Andreia Martins - RTP
Espanha continua sem Governo desde as eleições legislativas de 20 de dezembro Angel Diaz - Reuters

O líder do Partido Popular espanhol anunciou esta quinta-feira que aceita o pedido de Rei Felipe VI para tentar formar Governo. Mariano Rajoy deixa no entanto em aberto se se irá submeter à votação no Parlamento. Até ao momento, o chefe do Executivo espanhol em funções conta apenas com os 137 votos do partido e com a abstenção do Ciudadanos, um número insuficiente para conseguir formar Governo.

Mariano Rajoy aceitou esta quinta-feira o pedido do Rei de Espanha para tentar formar Governo, mas não esclarece se aceita a investidura. Ou seja, após reunir e negociar com os restantes partidos, o líder do PP poderá não apresentar o seu Governo a votação no Parlamento.

O primeiro-ministro espanhol em funções não tem qualquer garantia de apoio por parte dos principais partidos. Para já, conta apenas com a aprovação dos 137 deputados eleitos pelo Partido Popular nas eleições de 26 de junho, e com a abstenção do Ciudadanos (32 deputados). Antes da votação, Rajoy vai reunir-se com os vários partidos para tentar chegar a acordo e obter aprovação. Só depois vai avaliar se se submete ou não ao voto no Parlamento.

Para obter aprovação e formar Governo, Mariano Rajoy precisa de reunir o apoio da maioria, ou seja, pelo menos 176 deputados.

"Precisamos de formar um Governo sólido e estável o mais cedo possível", reiterou Rajoy numa declaração aos jornalistas, depois de se ter reunido com o Rei Felipe VI.

O líder do PP vai agora iniciar um novo período de consultas com os restantes partidos para tentar chegar a um acordo e formar Governo. "Vou redobrar os esforços de negociação", garantiu. PSOE vai votar contra
A verdade é que, perante o atual cenário da política interna espanhola, todos os esforços e diligências do PP serão bem-vindos. O anúncio de Rajoy acontece horas depois de o líder do PSOE ter comunicado ao Rei de Espanha que recusaria apoiar um Governo do Partido Popular, nem mesmo através da abstenção.

Sánchez pedia no entanto que Rajoy aceitasse a investidura de forma a deixar funcionar a democracia.

"Essa é a responsabilidade constitucional de Mariano Rajoy, o presidente em exercício e líder da força com mais assentos: deve submeter-se à investidura e deve avançar", disse o líder do PSOE.

Após reunião com o Rei, Pedro Sánchez disse mesmo que "chegou a hora de Rajoy" e que era a ele que competia "trabalhar" para conseguir formar Governo.
Ciudadanos propõe “união de abstenções”
Entre os restantes partidos com maior votação, os sinais são bastante diferentes. O Ciudadanos, liderado por Albert Rivera, propõe que todos os partidos deixem passar o Governo por via de uma “união de abstenções”.

A outra solução proposta pelo Ciudadanos passaria por conseguir que PP, PSOE e Ciudadanos formassem um Governo de coligação sem Rajoy à cabeça, que foi logo descartada pelos dois principais partidos.

Pablo Iglesias, líder do Podemos, propõe por sua vez a constituição de uma coligação com os socialistas, mas denuncia a “enorme resistência” por parte do PSOE no sentido de formar Governo em conjunto.

A aliança Unidos Podemos conta com o voto de 71 deputados no Congresso, tendo sido a terceira força política mais votada, atrás do Partido Popular, com 137 deputados, e do PSOE, com 85 representantes no Congresso.

De relembrar que Espanha está sem Governo desde as eleições de 20 de dezembro. A votação na primeira eleição não permitiu ao Partido Popular, anteriormente no poder, formar Governo, face à falta de apoio de outros partidos.

Perante o impasse político, o Rei convocou novas eleições, realizadas a 26 de junho, e que deixaram tudo praticamente na mesma: o PP alcançou um número superior de deputados, resultado ainda assim insuficiente para conseguir governar sem ter de contar com o apoio parlamentar de outras forças partidárias.
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