Refugiados retirados de Idomeni pelas autoridades gregas

por Inês Geraldo - RTP
Yannis Kolesidis - Reuters

São mais de oito mil os refugiados que vivem há meses, sem condições dignas, na fronteira entre a Grécia e a Macedónia, fechada por casa do elevado fluxo de migrantes que tentam chegar ao norte da Europa. Agora as autoridades gregas estão a retirar todos os habitantes de Idomeni para novos campos em Salónica, a segunda maior cidade do país.

O campo de Idomeni foi ocupado por polícias gregos, que estão encaminhar os refugiados para autocarros, com o intuito de os transportar para novos campos com melhores condições de asilo.“Algo como Idomeni não pode ser mantido. Apenas serve os interesses de ladrões”, declarou Giorgos Christides, jornalista da Der Spiegel.

Com a entrada vedada aos jornalistas, há relatos de que o processo está a decorrer sem incidentes. E de que muitos dos refugiados se mostram resignados com a decisão, apesar de ainda acalentarem esperança de ver a fronteira reaberta.

São perto de 8400 pessoas, a maioria mulheres e crianças, com o sonho de chegarem aos países do norte da Europa. De acordo com a BBC, já saíram alguns autocarros de Idomeni, com algumas pessoas a dirigirem-se para Salónica a pé ou de táxi.

Apesar da relutância em sair do local, muitos são os migrantes que dizem aceitar a decisão por não quererem entrar em conflito com as autoridades. Explicam que saíram de zonas de guerra e não pretendem lutar contra ninguém na Europa.

Um jornalista grego da publicação alemã Der Spiegel disse, em declarações à BBC, que as autoridades gregas pretendem esvaziar uma parte do campo já esta terça-feira e que a operação para retirar os refugiados de Idomeni vai levar pelo menos dez dias.

A polícia também está a retirar migrantes que bloqueavam a linha de comboio na região.
Falhanço da política europeia
Enquanto milhares de migrantes são retirados do campo de refugiados de Idomeni, organizações presentes no local, como os Médicos Sem Fronteiras, têm criticado a União Europeia pela maneira como falharam as promessas de colocar estas pessoas em diferentes pontos da Europa.

Um dos responsáveis pela missão dos Médicos Sem Fronteiras na Grécia, Loic Jaeger, explicou que, apesar das mudanças pacíficas, a evacuação constitui um enorme falhanço na política europeia de solidariedade.

“Todos estão deslumbrados com esta evacuação – se é ou não violenta –, mas esse não é o ponto principal. O problema é que estas pessoas deviam estar num apartamento algures na Europa. São apenas oito mil. Porque estamos a colocá-los em autocarros e campos meio acabados, quando a Europa prometeu dar-lhes casa?”.

Numa outra parte da Grécia são 50 mil os refugiados que esperam ver a sua situação resolvida. Os Balcãs fecharam um corredor humanitário que dava acesso a países como a Alemanha e a Suécia e muitos migrantes encontram-se em greve de fome contra as condições miseráveis em que estão a viver.

Declaram não querer viver naquele local e alguns depositam confiança em ladrões e traficantes para poderem chegar ao destino que desejam.
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