Segurança na construção em Taiwan posta em causa após sismo

por Lusa

A qualidade e segurança da construção de edifícios em Taiwan têm sido alvo de críticas após o sismo de sábado, que matou 55 pessoas, numa altura em que ainda decorrem operações de resgate e recuperação de corpos.

O edifício Dragão Dourado (Weiguan Jinlong) foi a única torre a ruir totalmente devido ao sismo de magnitude 6,4 que atingiu a cidade de Tainan e onde se registaram a maioria das vítimas mortais.

Mais de 80 residentes continuam soterrados entre os destroços, com a possibilidade de se encontrarem sobreviventes cada vez mais estreita.

O Ministério Público apontou para a existência de "falhas" na construção, ao interrogar o construtor e dois associados, acusados de homicídio por negligência profissional.

Familiares dos residentes do edifício disseram à AFP que tinham queixado de rachas nas paredes do prédio. Fotografias do local do desastre mostram latas vazias e espuma de poliestireno em pilares que deveriam ter sido enchidos com betão.

Especialistas indicam que os cortes nos custos de construção têm vindo a degradar o setor em Taiwan.

"Devido à competição, durante muito tempo, a indústria local de construção não tem sido bem gerida", disse Chern Jenn-chuan, professor de engenharia civil na Universidade Nacional de Taiwan.

O caso do edifício veio aumentar o descontentamento da população, após uma série de desastres, desde escândalos de segurança alimentar a uma explosão num parque aquático que matou 15 pessoas.

"A chamada concorrência em Taiwan é orientada para ser a todo o custo, por isso este tipo de situação não é de todo surpreendente", pode ler-se numa publicação no popular fórum online PTT, após o colapso do edifício.

"Recebem o dinheiro e depois já não é responsabilidade deles", comentou outro usuário.

O Ministério Público afirma que o prédio tinha poucas barras de reforço em aço, indicando ainda que o construtor terá pedido uma licença de construção emprestada para aquele projeto.

Engenheiros a apoiar as operações de resgate indicaram também que algumas paredes foram demolidas no rés-do-chão, onde estava uma loja de produtos eletrónicos.

"Tudo indica que neste caso houve, de facto, falhas na construção do edifício", afirmou o tribunal em comunicado, na quarta-feira.

 

 

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