A morte de Mohammed Omar já foi noticiada diversas vezes nos últimos anos, mas agora um ex-ministro afegão afirma que o líder dos talibãs morreu de tuberculose há mais de dois anos. Um porta-voz do Governo de Cabul tinha dito que as autoridades afegãs estavam a investigar estas novas informações, mas agora confirmam que Omar está morto.
Depois de várias fontes oficiais terem anunciado a morte do chefe talibã, o porta-voz da Presidência, Sayed Zafar Hashemi, disse que "estamos a investigar essas informações e vamos pronunciar-nos quando for confirmada com exatidão". O facto terá agora sido confirmado pelos serviços secretos afegãos.
De acordo com a agência Reuters, a imprensa afegã e a paquistanesa publicaram, nesta semana, várias reportagens afirmando que o líder, que não é visto em público desde 2001, morreu há mais de dois anos.
"Foi enterrado do lado afegão da fronteira"
Um ex-ministro afegão garantiu que “o Mullah Omar morreu de tuberculose há dois anos e quatro meses (…) Foi enterrado do lado afegão da fronteira”. E acrescentou, ao diário paquistanês "The Express Tribune”, que "o filho do Mullah Omar identificou o corpo do seu pai".
O ex-governante talibã disse ao mesmo jornal que o grupo convocou uma reunião para eleger um novo chefe. A decisão deverá ser conhecida antes do início da segunda ronda de negociações de paz previstas para esta sexta-feira, na cidade paquistanesa de Peshawar, entre o Governo central do Afeganistão e representantes talibãs.
Mohammed Omar foi líder dos talibãs, movimento radical islâmico do Afeganistão e chefe de Estado do país, de 1996 a 2001, sob o título oficial de Chefe do Conselho Supremo.
A sua aliança com a Al-Qaeda provocou a invasão do Afeganistão, liderada pelos EUA em 2001, depois dos ataques do 11 de Setembro.
Os Estados Unidos já tinham prometido uma recompensa de 10 milhões de dólares, o que equivale a cerca de nove milhões de euros, por informações que pudessem conduzir à sua captura.
Os rumores sobre a morte do Mullah Omar acontecem semanas depois de um primeiro contacto oficial, visando as negociações de paz entre o governo e rebelião talibã.
Se for confirmada, a morte de Omar pode redistribuir as cartas no campo talibã a poucos dias de um segundo contacto entre rebeldes e governo.
Os talibãs puseram como condição para uma possível negociação de paz a retirada do Afeganistão de todas as tropas estrangeiras, que os expulsaram do poder no final de 2001.
Fonte oficial do exército paquistanês, citada pela agência Reuters, disse que "vale a pena perguntar por que é que esta notícia surgiu agora, a dois dias da segunda ronda de negociações de paz (…) A notícia levanta questões sobre as intenções de pessoas que não querem que as negociações continuem”, afirmou.