Sobe para 86 o número de mortos na Turquia

por Andreia Martins - RTP
Reuters

As autoridades turcas confirmam que a dupla explosão perto da Estação Ferroviária de Ancara teve origem terrorista, com um balanço oficial que ascende já às 86 vítimas mortais. O governo decretou entretanto três dias de luto nacional, na sequência do ataque bombista mais mortífero de sempre em solo turco.

Ao início da manhã, as primeiras indicações apontavam para 30 vítimas mortais, número entretanto atualizado: pelo menos 86 pessoas morreram no ataque suicida levado a cabo a poucos metros da principal estação de comboios de Ancara.

Mais 186 pessoas ficaram feridas, entre elas 28 em estado crítico, pelo que o número de vítimas mortais poderá não estar ainda fechado.

A atualização dos números foi feita pelo ministro turco da Saúde, Mehmet Muezzinoglu, numa conferência de imprensa ao início da tarde. Entre as vítimas mortais, 62 pessoas morreram no local e 24 acabaram por morrer no hospital.

Em resposta aos jornalistas, o ministro turco do Interior, Selami Altinok, referiu que não estão previstas novas medidas de segurança no local do ataque.

Este é o pior ataque terrorista de sempre registado em solo turco. O número de vítimas mortais ultrapassa desde já o registado num ataque de 2003, quando a al-Qaeda bombardeou duas sinagogas, ataque que fez na altura 62 mortos.

As autoridades turcas encontram-se no local a tentar apurar a natureza deste ataque. Uma fonte oficial do Governo, que preferiu falar sob anonimato, confirmou à agência Agência France Presse que as explosões foram provocadas por um bombista suicida.
Situação tensa
Em plena campanha eleitoral e a três semanas da realização de eleições gerais antecipadas, a Turquia atravessa um momento de grande tensão. Nos útltimos meses, têm sido registados vários atentados nas ações de protesto dos apoiantes pró-curdos. O mais mortífero até à data tinha acontecido no fim de julho, quando um bombista suicida ligado ao Estado Islâmico fez mais de 30 mortos numa região leste da Turquia.

Ainda não há nenhuma pista sobre a autoria deste ataque, que até ao momento não foi reivindicado por nenhuma força extremista. 

A dupla explosão em Ancara aconteceu quando vários grupos da sociedade civil preparavam o arranque de uma marcha pela paz. O protesto pretendia reunir vários partidos de esquerda e sindicatos, opositores aos contra os rebeldes curdos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).


Logo após as explosões, manifestantes no local envolveram-se em confrontos com a polícia, que acusam de ter impedido a assistência dos feridos. As autoridades foram mesmo obrigadas a disparar alguns tiros para dispersar os protestos. Foto: Reuters

Em comunicado, o Partido Democrático Pró-curdo (HDP), que também participava nesta ação de protesto, disse entretanto que "foi o principal alvo" destes ataques.

No mesmo documento, o HDP refere que as explosões ocorreram perto do local onde estava especificamente a "comitiva" do partido.
Cessar-fogo
A Turquia, membro da NATO na posição geográfica mais a oriente, tem sido um constante alvo de ataques terroristas desde que iniciou "uma guerra sincronizada contra o terror", em julho último.

Esta conflito em vários campos visa as forças do Estado Islâmico e as respetivas bases militares na Síria, bem como as bases do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) no norte do Iraque.

Para não comprometer as eleições de 1 de novembro, o PKK suspendeu todas as ações de campanha separatista. Em comunicado, o partido decreta um "período de inatividade" por parte das forças de guerrilha, a menos que sejam confrontadas com um ataque direto.
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