Sobrinha da mulher no centro do escândalo na Coreia do Sul admite chantagem à Samsung

por Lusa

Seul, 17 jan (Lusa) -- A sobrinha de Choi Soon-sil, conhecida como a "Rasputina" e protagonista do escândalo de corrupção na Coreia do Sul, admitiu hoje em tribunal ter cooperado com a tia para chantagear a Samsung.

Chang Si-ho e Choi Soon-sil são acusadas de terem pressionado a Samsung para doar mais de 1.600 milhões de won (1,27 milhões de euros) ao Centro de Elite de Desportos de Inverno, que a própria Chang dirigia.

A sobrinha da "Rasputina" reconheceu hoje diante do tribunal do distrito central de Seul as acusações, afirmando ainda ter desviado fundos do referido centro.

A declaração de Chang Si-ho acontece um dia depois de a procuradoria sul-coreana ter emitido uma ordem de detenção do responsável máximo do grupo Samsung, Lee Jae-yong, para que seja julgado num processo à parte, por ter acedido à extorsão supostamente orquestrada pela "Rasputina", amiga de longa data da Presidente sul-coreana, Park Geun-hye.

Segundo o Ministério Público, Lee fez com que a Samsung doasse até 43.000 milhões de won (34,3 milhões de euros) a organizações ligadas a Choi para que o Governo de Park apoiasse, em 2015, uma controversa fusão no seio do grupo.

O Ministério Público suspeita que a empresa tenha pagado para conseguir que o Serviço Nacional de Pensões, controlado pelo governo, aprovasse a fusão da gestão do organismo com uma empresa subsidiária da Samsung e gerida diretamente pela família Lee, uma operação que foi criticada por um fundo de alto risco.

Na audiência de hoje também esteve presente o ex-vice-ministro da Cultura e Desporto Kim Chong, o qual é acusado de cooperar na trama, alegadamente urdida por Choi, de 60 anos, que está em prisão preventiva desde novembro.

Kim negou em tribunal todas as acusações que lhe são imputadas.

O Ministério Público considera que Choi, com a conivência de Park, extorquiu os principais conglomerados do país para fazer entrar 77.400 milhões de won (cerca de 61 milhões de euros) em duas fundações que controlava, em troca de favores, acusando-a ainda de ter interferido em assuntos de Estado, apesar de não desempenhar nenhum cargo público.

O parlamento, controlado pela oposição, aprovou a destituição da Presidente a 09 de dezembro por causa deste caso, um dos maiores escândalos políticos da história recente da Coreia do Sul, uma decisão que terá de ser ratificada pelo Tribunal Constitucional para ser definitiva.

O tribunal tem até junho para decidir se Park tem de abdicar permanentemente ou pode voltar a assumir o cargo.

Os seus poderes presidenciais estão suspensos, com o primeiro-ministro a liderar o Governo.

O escândalo desencadeou uma onda de indignação no país, com os sul-coreanos. Há três meses que os sul-coreanos saem para a rua aos sábados em protesto, exigindo a saída de Park e do seu Governo.

Tópicos
pub