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Suspeita de pirataria informática na contagem de votos nos EUA

por Cristina Sambado - RTP
Aaron Josefczyk - Reuters

Um grupo de ativistas e académicos norte-americanos defende uma auditoria ou recontagem de votos das presidenciais norte-americanas por suspeita que os resultados tenham sido manipulados por piratas informáticos. Os especialistas alertam para a possibilidade de a contagem de votos ter sido pirateada em três dos Estados considerados swing – Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.

A informação foi avançada esta quarta-feira pela revista The New York Magazine e divulgada de seguida pela CNN e pelo jornal britânico The Guardian.

O grupo, que inclui o fundador do Instituto Nacional para o Direito de Voto, John Bonifaz, e o diretor do centro de segurança de computadores da Universidade do Michigan, J. Alex Halderman, acredita que esses três Estados, onde Hillary Clinton foi derrotada por Donald Trump, tenham sido alvos de pirataria.

Segundo a revista, o grupo não comenta publicamente o caso, mas estará a pressionar a equipa de Hillary Clinton para desafiar o resultado das eleições.

Os ativistas já teriam ligado para o presidente da campanha de Hillary Clinton, John Podesta, e para o assessor geral da campanha, Marc Elias, para argumentar que, embora não tenham sido encontradas provas conclusivas, os resultados encontrados merecem uma revisão independente.
Apelo a Hillary Clinton
Já segundo o The Guardian, um outro grupo, que pediu o anonimato, pediu à candidata democrata Hillary Clinton para se juntar ao apelo que vai entregar na próxima semana onde expõe as suas preocupações às autoridades federais e responsáveis pelo Congresso.

O documento, que atualmente tem 18 páginas, centra-se nos resultados dos Estados de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, conhecidos como Estados Swing, ou Estados oscilantes – que alteram o sentido de voto entre republicanos e democratas. O prazo para pedir a recontagem dos votos é entre sexta e quarta-feira nos três Estados.
Hillary não comenta
Até agora a candidata democrata não deu nenhuma indicação de que iria pedir a recontagem de votos.

No entanto, em declarações à CNN, um ex-assessor de Hillary Clinton recusou-se a revelar se iriam ou não pedir uma auditoria e uma recontagem de votos com base nas descobertas dos peritos informáticos.

“Interessa-me uma verificação de votos. Temos de ter auditoria de votos pré-eleitorais”, afirmou ao jornal britânico Barbara Simons, conselheira da comissão de assistência eleitoral e especialista em voto eletrónico, que segundo o The Guardian terá participado na elaboração do documento, mas que se escusou a precisar a natureza do seu envolvimento.
Contagem em aberto no Michigan
Em Michigan a votação ainda não foi encerrada e como a contagem está muito próxima – 47,59 por cento para Donald Trump contra 47,34 por cento para Hillary Clinton – é bem provável que as regras do próprio Estado determinem uma recontagem de votos.


Já no Wisconsin, a votação ficou em 47,84 por cento para Trump, que ganhou os dez eleiotres do Estado, e 46,84 para Hillary. Na Pensilvânia. Os resultados finais foram 48,79 por cento para Trump, que levou os 20 eleitores do Estado, e 47,65 para Hillary.

Nos meses que antecederam as eleições, Hillary Clinton esteve sempre à frente nas sondagens nos três Estados, mas Donald Trump acabou por vencer na Pensilvânia e no Wisconsin e está a vencer na contagem de votos no Michigan.

Nos três Estados a vitória do candidato republicano causou surpresa e, em particular no Wisconsin, o voto em Donald Trump foi aparentemente desproporcionado nos distritos com voto eletrónico, em comparação com aqueles em que o voto foi realizado em boletim de papel. Piratas russos
A notícia surge depois de dois departamentos da administração norte-americana terem anunciado que piratas informáticos na Rússia entraram na rede de computadores do Partido Democrata e tentaram “interferir” nas eleições.

Já no início de outubro, os Estados Unidos acusaram oficialmente a Rússia de estar por trás de um ataque cibernético contra partidos políticos e congressistas no país, com o objetivo de interferir nas eleições norte-americanas.

Na véspera das eleições, as autoridades federais e estaduais norte-americanas reforçaram as defesas contra eventuais ataques informáticos aos sistemas de votação no dia das eleições.

Perante estas acusações, as autoridades eleitorais esclareceram que é virtualmente impossível que a Rússia tenha influenciado o resultado eleitoral.

Até agora e segundo as autoridades eleitorais, Hillary Clinton conseguiu mais de um milhão e meio de votos do que Donald Trump, que venceu apenas por ter mais votos no Colégio Leitoral. Um cenário que só aconteceu quatro vezes na história dos Estados Unidos.
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