Taiwan com novo `cerco` internacional da China na Interpol

por Lusa

Depois de não ter recebido, este mês, um aguardado convite para participar na assembleia trienal da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), Taiwan também não espera a chegada de um carta da Interpol para a cimeira anual de novembro.

O Departamento de Investigação Criminal de Taiwan anunciou que a ilha ainda não recebeu o esperado convite para participar na cimeira anual da Interpol, na Indonésia, com funcionários do setor privado e especialistas a apontarem o dedo à China pelo bloqueio.

"Os esforços para participar na cimeira da Interpol não têm corrido bem", disse o diretor adjunto do departamento, Lu Chun-chang, durante uma interpelação numa comissão parlamentar, informa hoje o jornal Taipei Times.

Taiwan, que conta com o apoio dos Estados Unidos neste esforço, quer participar na cimeira da Interpol como membro observador, mas tem-se deparado com o obstáculo que representa a oposição frontal de Pequim, disposta a não deixar que a ilha expanda as suas atividades internacionais sem aceitar que é parte da China.

Aliados diplomáticos taiwaneses também defendem a participação da Ilha Formosa na Interpol, mas a experiência negativa da OACI, onde Estados Unidos e aliados de Taipé não conseguiram desbloquear a oposição chinesa, não augura um bom resultado.

O ministro da Justiça de Taiwan, Chiu Tai-san, afirmou recentemente que a participação de Taiwan na Interpol depende da China, Estados Unidos da América e países amigos.

Apesar de para os analistas ser evidente que a China está por detrás da recusa dos organismos internacionais em convidar Taiwan, o governo de Taipé tenta não o reconhecer explicitamente, cingindo-se a realçar a importância da ilha para esses organismos internacionais.

No caso da Interpol, Taiwan poderia contribuir nomeadamente para a luta contra o terrorismo internacional se tivesse acesso direto à informação do organismo policial internacional.

A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que com a sua recusa de aceitar que a ilha é parte da China desencadeou represálias por parte de Pequim, lançou um apelo ao seu partido, numa carta aberta, em que pede resistência à pressão chinesa.

"Temos que resistir à pressão da China e desenvolver relações com outros países. Temos de sair da nossa dependência da China e estabelecer relações económicas normais e saudáveis", disse Tsai, na missiva, por ocasião do 30.º aniversário do seu partido.

No domínio económico, a China diminuiu o envio de turistas para a ilha -- com uma queda de 27,2% entre a chegada ao poder de Tsai (a 20 de maio) e 25 de setembro, em comparação com ano anterior, e uma redução do número de turistas chineses que viajaram em excursão, nas mesmas datas, na ordem dos 44%, de acordo com dados oficiais de Taiwan.

No próximo dia 25 de outubro faz 45 anos que a República Popular da China foi admitida na ONU e Taiwan expulsa da organização.

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