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Teerão beneficia de milhões de euros de Israel após negócio com submarinos alemães

por RTP
Reuters

Há o estereótipo que atribui à cultura judaica uma forte minúcia quando o assunto é finanças; sabe-se por outro lado que o Irão é o maior inimigo regional de Israel. Quando é que tudo isto é atirado às urtigas? No momento em que o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu encomenda três submarinos à ThyssenKrupp por 1,5 mil milhões de euros e se esquece de notar que Teerão detém 4,5% de participação na construtora alemã.

O ministro da defesa, Avigdor Liberman, já negou ter conhecimento da participação iraniana na construção dos submarinos destinados à sua marinha.De acordo com o The Times of Israel, uma empresa governamental iraniana detém 4,5 por cento da construtora alemã, hoje no centro do escândalo que há várias semanas está a abalar o gabinete de Benjamin Netanyahu.

O primeiro-ministro está a ser acusado de, contra o parecer dos militares e do ex-ministro da Defesa Moshe Ya’alom, ter adquirido à ThyssenKrupp três submarinos Dolphin-2 para a marinha israelita.

Está em causa a alegada participação no negócio de David Shimron, advogado pessoal de Netanyahu que trabalha também para os alemães e que é por isso visto como peça fundamental na compra, apesar de o gabinete do primeiro-ministro ter já negado qualquer contacto com Shimron nesse sentido.A Thyssenkrupp chegou a ter sentado na sua administração um ministro iraniano. O vice-ministro da economia Mohamad-Mehdi Navab-Motlagh apenas sairia após pressões de Washington.

O caso conheceu na semana passada novos desenvolvimentos, quando o procurador-geral Avichai Mendelblit ordenou a abertura de uma investigação após ter recebido nova informação da polícia. Os submarinos não serão o foco da investigação, mas foi aí que se abriu ao público a relação Netanyahu-Shimron- ThyssenKrupp e que levou a dúvidas noutro negócio de contratorpedeiros para a marinha israelita.

O primeiro-ministro, apesar de o escândalo ter rebentado dentro do seu gabinete, tem passado mais ou menos imune à polémica. Ora, o caso pode mudar de figura, conhecida agora a participação do Irão na empresa alegadamente beneficiada por Netanyahu via David Shimron.

De acordo com o TOI, os iranianos entraram na Thyssenkrupp na década de 1970, ainda na era do xá, com um investimento de 400 milhões de dólares, tendo o regime dos ayatollahs herdado a participação, então na ordem dos 24,9 por cento, após a revolução de 1979.
Informação classificada pode entalar Liberman
Da equipa de Netanyahu saiu entretanto a terreiro o ministro da Defesa. Avigdor Liberman já disse que desconhecia esta participação de uma empresa do governo iraniano na ThyssenKrupp.

A defesa de Liberman remete para a leitura entretanto feita deste caso pelo Yedioth Acharonoth, que pega no caso pelo lado dos segredos militares e desenvolvimento de armamento de defesa.

Diz o jornal que poderá estar em causa a entrega a Teerão de informação classificada, uma vez que estamos a falar de "uma das plataformas de armamento israelita mais avançadas".
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