Ataque, atribuído a ex-guerrilheiros da Renamo, a um autocarro de passageiros e dois camiões de carga resultou em três mortos e um número indeterminado de feridos. A ação decorreu no centro de Moçambique e no mesmo dia em que Jerónimo Malagueta, chefe do Departamento de Informação da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) foi preso pela Polícia de Investigação Criminal moçambicana.
O ataque a alvos civis aconteceu na estrada nacional 1, no sentido norte-sul, onde o trânsito se encontra encerrado e onde as viaturas atacadas foram incendiadas.
Este ataque aconteceu no mesmo dia em que a polícia prendeu um dos nomes fortes da Renamo, Jerónimo Malagueta, que ameaçou esta semana paralisar as principais rotas de transporte de Moçambique para a África do Sul.
Jerónimo Malagueta encontra-se detido nas instalações da Polícia de Investigação Criminal, mas a própria Renamo diz desconhecer o local onde o seu dirigente se encontra.
Recorde-se que esta semana, em conferência de imprensa, em Maputo, o chefe do Departamento de Informação da Renamo tinha rejeitado as acusações do Governo de que guerrilheiros do partido teriam sido os autores do ataque, na última segunda-feira, a um paiol na província de Sofala, no centro de Moçambique, que resultou na morte de seis militares e ferimentos de outros dois.
Jerónimo Malagueta, que tem a patente de brigadeiro, anunciou ainda que a Renamo iria recorrer aos seus homens armados para impedir a circulação rodoviária e ferroviária no centro do país, contra uma alegada concentração do exército nas antigas bases militares do movimento, onde o seu presidente, Afonso Dhlakama, se reinstalou em finais do ano passado.
Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, afirmou que Jerónimo Malagueta foi levado da sua residência em Maputo.
"Não restam dúvidas de que a sua detenção está relacionada com as declarações que fez na quarta-feira", afirmou o porta-voz da Renamo.
Jerónimo Malagueta foi comandante na guerrilha da Renamo contra o governo da Frelimo e, depois dos acordos de paz, de 1992, integrou o exército unificado.
Frelimo convoca manifestaçãoEntretanto, a Frelimo, partido no poder em Moçambique, convocou para esta sábado uma manifestação em Maputo "de repúdio pelos ataques da Renamo".
A manifestação, que percorrerá algumas das principais artérias da capital moçambicana, foi convocada por mensagem telefónica pelo dirigente da Frelimo que habitualmente divulga junto dos jornalistas as iniciativas do partido.
Também o líder da Igreja Anglicana de Moçambique, Dinis Sengulane, veio hoje a público pedir "misericórdia e espírito de diálogo" ao Presidente moçambicano, Armando Guebuza, e ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para o fim da tensão política que o país vive.
Em declarações à Agência Lusa em Maputo, o líder da Igreja Anglicana exortou os principais dirigentes políticos do país a mostrarem "misericórdia e espírito de diálogo".
"Apelo aos políticos para amolecerem os seus corações e darem aos seus seguidores o exemplo de tolerância. Que sejam misericordiosos e sensíveis à vontade de preservação da paz do povo", frisou Dinis Sengulane.
Para o religioso, o diálogo é a única opção para a resolução dos diferendos políticos no país, para que o país possa continuar na senda da reconstrução e desenvolvimento, que se seguiu ao Acordo Geral de Paz de 1992, que pôs termo a 16 anos de guerra civil.
"É necessário que o diálogo que os principais agentes políticos vêm mantendo seja construtivo e sincero", defendeu o chefe da Igreja Anglicana em Moçambique.