Trump domina atenção dos media mas não vai prevalecer nas urnas - Embaixador dos EUA em Portugal

por Lusa

Lisboa, 24 set (Lusa) -- O embaixador dos Estados Unidos em Portugal, Robert Sherman, considerou hoje que o magnata e possível candidato presidencial pelo Partido Republicano "vai dominar a atenção dos meios de comunicação social, mas não vai prevalecer".

"Donald Trump vai dominar a atenção dos meios de comunicação social, mas no final não vai prevalecer e os norte-americanos vão fazer a coisa certa", disse o diplomata, no final de uma intervenção promovida hoje em Lisboa pela Câmara de Comércio Americana em Portugal com o título "A Atualidade, a Posição Geoestratégica dos EUA, Hoje e no Futuro: uma perspetiva política, económica e empresarial".

Sobre um dos temas mais polémicos da pré-campanha, as propostas de Trump para travar o fluxo de imigração, que Sherman resume como "quantos mais imigantes, mais altos os muros", o diplomata admitiu que há "uma erosão do empenho na promoção dos valores norte-americanos", mas considerou que "isso representa apenas algumas pessoas na população, não reflete os valores da maioria da população".

A grande vantagem de Donald Trump, disse, é a autenticidade, principalmente porque "há uma crença de que os líderes políticos não são autênticos, e goste-se ou não dele, a verdade é que ele é autêntico, e isso apela às pessoas", disse o embaixador norte-americano em Portugal, que notou uma "sensação de que o diálogo político afastou-se do que realmente interessa ao cidadão, o que se reflete em valores elevados da abstenção".

Sobre a imigração, Sherman deu o seu próprio exemplo, lembrando os pais ucranianos e o avô, que desertou do exército soviético por razões ideológicas, e defendeu: "a imigração engrandece-nos, e independentemente de algum discurso político intolerante, os norte-americanos não perderam a humanidade, a vasta maioria considera que temos de acolher bem as pessoas".

Ainda neste tema, salientou que é preciso ser consciente "do aspeto humanitário".

O pré-candidato à presidência dos Estados Unidos republicano Donald Trump afirmou em agosto que, caso ganhe as eleições em 2016, deportará todos os imigrantes indocumentados.

Trump fez estas declarações numa entrevista ao canal televisivo NBC, acrescentando que rescindirá as ordens do atual Presidente, Barack Obama, que impedem a expulsão dos jovens indocumentados que chegam ao país, assim como os pais de cidadãos norte-americanos ou filhos com estatuto legal.

"Manteremos as famílias unidas, mas têm que se ir embora", sublinhou o magnata do imobiliário, numa entrevista gravada no seu avião particular, durante uma visita à feira estadual de Iowa.

"Trabalharemos com eles. Têm de ir-se embora. Ou temos um país ou não temos um país", disse o multimilionário.

"Temos de criar novos padrões" para os imigrantes que chegam aos Estados Unidos, onde se calcula que vivam mais de 11 milhões de indocumentados, disse.

Depois da entrevista, Trump publicou na sua página de candidatura na Internet o programa da sua reforma migratória, no qual sublinha que "uma Nação sem fronteiras não é uma Nação" e defendeu a construção de um muro na fronteira com o México.

Tópicos
pub