Trump em baixa, Hillary em alta: estará a corrida fechada?

por Christopher Marques - RTP
Hillary Clinton e Donald Trump no final do último debate televisivo, em Las Vegas Carlos Barria - Reuters

A duas semanas do dia das eleições, cresce a vantagem de Hillary Clinton. A candidata democrata aumenta a diferença face a Donald Trump, havendo mesmo sondagens em que mais de dez pontos percentuais separam os concorrentes. A campanha do magnata admite que está a perder, enquanto Clinton começa já a dedicar-se ao outro sonho: um Senado pintado de azul.

Ainda faltam duas semanas, tudo pode mudar e, oficialmente, nada está decidido. No entanto, o tabuleiro norte-americano apresenta-se agora mais limpo do que ao longo dos últimos meses.

A candidata Hillary Clinton cresce nas sondagens, perante um adversário absorvido por sequências de escândalos e o próprio afastamento do Partido Republicano. A campanha do polémico magnata não esconde que Clinton está na frente e faz a sua própria leitura.

“Ela tem algumas vantagens, tal como um investimento de 66 milhões de dólares em publicidade só no mês de setembro. Ela tem um ex-presidente, que é o seu marido, a fazer campanha com ela, e é vista como a incumbente”, afiança à NBC Kellyanne Conway, responsável pela campanha republicana.
Confiar na mudança

Admitir o atraso, não significa abandonar a corrida. A candidatura republicana apresenta-se esperançosa que um eleitorado sedento de mudança acorra às urnas no dia 8 de novembro. Nesse sentido, assevera a campanha, o atraso até pode ser uma vantagem. A estratégia passa por uma forte aposta em alguns dos Estados não há historicamente uma maioria republicana ou democrata, os chamados swing states, e onde a vitória de Hillary não é certa.

Donald Trump “vai visitar muitas vezes todos estes swing states e acreditamos que, com Hillary Clinton abaixo dos 50 por cento em alguns destes lugares, e apesar de ela ter uma campanha muito tradicional e dispendiosa, conseguiremos convencer os indecisos”, insiste Conway.

O republicano Karl Rove faz uma leitura mais drástica das probabilidades de sucesso de Donald Trump. “Talvez ele consiga, mas duvido que, em apenas duas semanas e com o tipo de campanha que está a fazer, consiga mudar o voto de um em cada dez votantes”, prevê aquele que foi um dos responsáveis pela difícil vitória de George W. Bush contra Al Gore em 2000.
Incentivar o voto antecipado
Uma reviravolta eleitoral provocada pelo voto dos indecisos é precisamente o que a candidatura democrata tenta impedir. A estratégia passa por incentivar o voto antecipado, para que se chegue à terça-feira decisiva com o jogo quase definido: ou seja, com uma vantagem substancial para evitar surpresas e colocar desde logo Donald Trump fora de jogo.

No domingo à noite, o candidato a vice-presidente Tim Kaine referiu mesmo que os números do voto antecipado já sugeriam uma “grande e histórica” vitória de Hillary Clinton no dia 8 de novembro.

O campo de Hillary Clinton e a própria candidata não escondem o otimismo no sucesso da candidatura. Durante o fim de semana, a própria ex-primeira-dama disse não estar preocupada em responder aos ataques lançados por Donald Trump.

“Debati com ele durante quatro horas e meia. Não penso em responder-lhe novamente”, explicou a ex-secretária de Estado aos jornalistas.
Objetivo: Senado
A ex-primeira-dama tenta usar a vantagem que tem sobre Donald Trump na expectativa de obter uma maioria no Senado norte-americano. O Partido Democrático conta atualmente com 46 representantes numa câmara controlada por 54 republicanos. No dia 8 de novembro, serão substituídos 34 dos 100 senadores.

Estes 34 são fundamentais na maioria republicana, uma vez que, deste lote, apenas 10 são atualmente democratas e 24 são republicanos. Clinton está atenta à oportunidade e já deu início ao ataque: pede aos norte-americanos que rejeitem não só Donald Trump, mas também o partido que o apoiou.

No sábado, a candidata democrata atacou já o senador republicano da Pensilvânia. No domingo, foi a vez de pedir a eleição de uma governadora democrata para suceder ao republicano Richard Burr no Senado.

“Ao contrário do seu adversário, Deborah Ross nunca teve medo de se apresentar contra Donald Trump”, proclamou Hillary num comício na Carolina do Norte.
Impedir a maioria democrata
A capacidade de Hillary Clinton dedicar tempo à eleição de um senador num Estado controlado por republicanos atestam já particularidade desta eleição presidencial. Os próprios republicanos preparam campanhas publicitárias para impedir uma maioria democrata no Senado.

Segundo The New York Times, o objetivo é apresentar os candidatos democratas como meras personalidades que irão “carimbar” todos os projetos da Presidente Hillary Clinton. Alguns grupos associados aos republicanos já começaram a transmitir anúncios para tentar impedir uma maioria democrata no Senado, onde está implícita a ideia de que Hillary vencerá a corrida à Casa Branca.

As sondagens atestam esta presunção. O CNN Poll of Polls, que agrega diferentes sondagens, atribui 48 por cento das intenções de voto a Hillary Clinton e 39 por cento a Donald Trump. O The New York Times Poll of Polls atribui 46,3 por cento a Clinton contra 40,1 por cento a Trump.

Durante o fim de semana, uma sondagem da ABC News dava 50 pontos a Hillary Clinton, colocando-a 12 pontos percentuais à frente do candidato republicano. O partido está também bem posicionado para conquistar a maioria dos lugares no Senado.

The New York Times aponta que há 47 por cento de probabilidade de os democratas conseguirem a maioria no Senado. O diário atribuiu ainda 22 por cento de probabilidade de os dois partidos ficarem empatados na câmara alta, caso em que o vice-presidente desempataria.

Ou seja, há quase 70 por cento de probabilidade de, conquistando a Casa Branca, Hillary tenha também o Senado a seus pés.
Tópicos
pub