Tsipras admite referendo interno para enfrentar crise do Syriza

por RTP
Yiannis Kourtoglou, Reuters

Num discurso desafiador para o comité central do partido, Alexis Tsipras disse que prefere que o Syriza realize um congresso de emergência em setembro. O intuito deste seria definir a estratégia a médio e longo prazo.

O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras tentou explicar ao seu partido que a Grécia não tinha outra alternativa, se não aceitar um resgate difícil. As opiniões dos membros do Syriza dividiram-se. A extrema-esquerda ameaçou dividir o partido.

A Grécia evitou uma saída da Zona Euro, após 11 horas para chegar a um acordo com os credores. Mas essa decisão custou a Tsipras a perda de um quarto dos seus apoiantes no parlamento, que acusaram o partido de trair as raízes anti-austeridade.

O primeiro-ministro grego afirmou que alguns membros do partido estavam a exigir uma solução imediata. Sugeriram que houvesse uma votação no domingo.

Esta exigência foi vista como um “referendo” dentro do partido. Ao contrário do que ocorreu a 5 de julho, apenas contaria com os votos dos membros do partido.

“Uma alternativa melhor para o povo”

“Estamos a dizer ao povo grego, alto, claro e sem remorsos, que este é um negócio, temos de conseguir resolvê-lo para ele e se há alguém que pensa que poderia ter conseguido um acordo melhor, vamos deixá-lo sair e dizer”, declarou Tsipras na reunião, cita a Reuters.

“Se alguém pensa que Tsipras e o Syriza recusaram uma alternativa melhor para o povo, deve sair e dizê-lo”, acrescentou.

A falta de controlo de Tsipras sobre o Syriza e a sua ala esquerda pode agitar as conversações do país com a Europa e a troika. Em jogo está um novo pacote de ajuda no valor de 86 mil milhões de euros.

A votação – que deve ser convocada pelo comité central para ser realizada – constitui um desafio à esquerda do partido, a Plataforma de Esquerda. Os cerca de 200 membros do comité central têm de decidir se o partido deve optar por um congresso regular, um congresso de emergência ou um grupo de membros que redefina uma estratégia.

“A nossa prioridade é o acordo”


“Neste momento, existem duas estratégias diferentes que competem no mesmo partido – uma que quer a Grécia dentro do euro e outra que quer a Grécia fora do euro”, explicou Olga Gerovasili, porta-voz do governo.

Por um lado, a Plataforma de Esquerda está a exigir que as negociações com os credores sejam abandonadas e se mantenha um congresso para decidir o futuro.

Por outro lado, Tsipras poderia beneficiar com um congresso de emergência, que lhe permitiria trazer novos membros para o partido e derrotar a extrema-esquerda, lê-se na Reuters.

Admite-se que Alexis Tsipras convoque eleições antecipadas para consolidar o controlo sobre o partido, uma vez que concordou com o terceiro pacote de resgate com os credores. O seu Governo quer encerrar essas negociações.

“A nossa prioridade é o acordo”, disse Gerovalisi. “Depois disso podemos lidar com as questões do partido”, concluiu.

As conversações com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu, o FMI e o fundo de resgate da Zona Euro continuam em Atenas.
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