Uma multidão em fúria cercou e incendiou sexta-feira à noite uma fábrica de contraplacados em Jehlum, no Punjab, Paquistão, depois de um dos seus empregados, pertencente à comunidade Ahmadi, ter sido acusado de blasfémia contra o Corão.
"Os incidentes começaram depois de nós termos detido o responsável da segurança da fábrica, Qamar Ahmed Tahir, depois de queixas de que ele teria chegado o fogo a exemplares do Corão", declarou Adnan Malik, um dos responsáveis da polícia do setor, à Agência France Presse.
Sexta-feira à noite centenas de pessoas dirigiram-se à fábrica, cercaram-na e incendiaram-na. Um outra multidão, sábado, fez o mesmo a um bairro Ahmadi.
Foram enviados militares para a zona para acalmar os ânimos.
Apesar de ter raízes no Islão, a comunidade Ahmadi é considerada não muçulmana no Paquistão e por isso frequentemente perseguida e discriminada.
Os Ahmadi foram fundados em 1889 em Qadian, no Punjab indiano, por Hadhrat Mirza Ghulam Ahmad. De acordo com os seus seguidores, ele encarnou o Messias regressado ou Mahdi, enviado por Alá para completar a obra de Maomé,
Os Ahmadis são considerados heréticos no Paquistão desde 1974 e não podem afirmar-se como muçulmanos.
Em 2014 11 membros desta comunidade foram assassinados por motivos religiosos sem que os responsáveis pelas mortes tivessem sido detidos, afirma um relatório publicado em abril.