A informação foi avançada pelo Governo boliviano. O ministro do Interior da Bolívia revelou que todas as indicações apontam para que Rodolfo Illanes foi “assassinado cobarde e brutalmente” por mineiros, depois de ter sido sequestrado.
O ministro revelou que Illanes se tinha deslocado até Panduro, a zona a 160 quilómetros da capital La Paz, onde os mineiros em protesto tinham bloqueado uma autoestrada há três dias. O vice-ministro pretendia mediar o conflito.
Terá sido intercetado e sequestrado na manhã de quinta-feira. Enquanto estava detido, Illanes disse a uma rádio da Bolívia que a condição para ser libertado era que o Governo negociasse com os mineiros sobre nova legislação, aquela que era a reivindicação por trás dos protestos.
De acordo com o diário espanhol El Pais, Illanes terá sido espancado pelos mineiros até à morte, no seguimento de graves confrontos entre manifestantes e a polícia, em que morreu um mineiro de 26 anos, Rubén Aparaya, aparentemente vítima de um disparo. Ao mesmo tempo, outro “cooperativista” morreu também em Cochabamba, também num confronto com a polícia. O Governo diz que 17 polícias ficaram feridos.
O assistente de Illanes conseguiu escapar. Freddy Bobarín conseguiu chegar junto à polícia, apesar de estar muito golpeado. Informou que a situação durante o sequestro tinha sido tensa, mas não violenta, até que os mineiros souberam da morte do seu companheiro Aparaya e, furiosos, rodearam os funcionários detidos. Alguém terá lançado uma pedra e terá começado o linchamento, descreve El Pais.
Os mineiros dizem que não são ouvidos e que está na hora de pôr o Governo "na ordem". As autoridades condenam o ato que classificam de criminoso, cobarde e sem precedentes.
“Crime não ficará impune”
O ministro da Defesa, Reymi Ferreira, declarou na televisão que o vice-ministro tinha sido alegadamente espancado e torturado até à morte. “Este crime não ficará impune. As autoridades estão a investigar e cerca de uma centena de pessoas já foi detida”, realçou o governante, citado pela Reuters.
O sequestro não é inédito nas lutas sindicais bolivianas. No entanto, é a primeira vez desde os anos 40 que um ato assim resulta na morte da autoridade sequestrada.
Os protestos dos mineiros ganharam contornos mais violentos esta semana, depois de a autoestrada ter sido bloqueada desde terça-feira. Em causa a luta contra legislação sobre o setor mineiro.
A Federação Nacional das Cooperativas Mineiras da Bolívia encetaram o que chamaram de protesto por tempo indeterminado, depois de as negociações terem falhado.
Os manifestantes estão contra a lei recentemente aprovada que limita o funcionamento das “cooperativas”, a forma como os trabalhadores estão organizados na Bolívia.
Exigem ainda mais concessões mineiras, o direito de trabalhar para companhias privadas e maior representação sindical, refere a Reuters.