Viktor Orban e Donald Trump sintonizados em questões de política externa

por Andreia Martins - RTP
Lazslo Balogh - Reuters

O primeiro-ministro húngaro elogiou as ideias sobre imigração e combate ao terrorismo manifestadas pelo candidato republicano à Casa Branca. Orban diz mesmo que as convicções de Trump são "vitais" para a Hungria, tornando-se no primeiro líder europeu a demonstrar apoio a um dos aspirantes a Presidente norte-americano.

Há quem prometa construír muros. E depois há quem já os tenha efetivamente construído. Pelo menos na questão migratória e combate ao terrorismo, Donald Trump e Viktor Orban parecem defender os mesmos ideais. O primeiro-ministro da Hungria mostrou-se convencido com as posições assumidas pelo candidato republicano no que diz respeito à política externa.  
 
"A política externa do Partido Democrático é má para a Europa e mortal para a Hungria. Já a política defendida pelo candidato Donald Trump é boa para a Europa e vital para a Hungria", declarou o chefe de Governo húngaro. Durante a campanha para as eleições primáricas, Donald Trump prometeu "construir um muro" na fronteira com o México e "banir" muçulmanos do território norte-americano. 

Não é a primeira vez que Orban elogia a irreverência de Donald Trump. Este é aliás o segundo elogio no espaço de uma semana. Na semana passada, o candidato republicano referiu em entrevista ao jornal The New York Times, que pretendia reduzir o apoio aos países aliados da NATO e encerrar bases dos Estados Unidos no estrangeiro, o líder húngaro afirmaria no dia seguinte que esta tomada de posição do candidato era "corajosa".

"A União Europeia é incapaz de defender os seus próprios cidadãos, as suas fronteiras externas, incapaz de se manter unida enquanto comunidade. Que mais é necessário para entendermos que a atual liderança política europeia falhou? Não faço campanha por Trump, mas ouvi as propostas do candidato para combater o terrorismo. Como europeu, não conseguiria ter expressado melhor o que a Europa necessita", declarou o primeiro-ministro húngaro no sábado.
 
Apesar de enaltecer a candidatura, Orban assegura que não quer interferir na campanha. "É aos americanos que compete decidir quem deve vencer", disse o primeiro-ministro, durante uma conferência conjunta com o homólogo austríaco, esta terça-feira em Budapeste.
Críticas antigas
Mas era expectável que Viktor Orban não morresse de amores por Hillary Clinton, adversária de Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro. O Wall Street Journal lembra que a candidata democrata visitou a Hungria em 2011, quando era secretária de Estado da administração Obama, e deixou duras palavras ao líder húngaro.
 
"Enquanto amigos da Hungria, expressamos as nossas preocupações e pedimos um compromisso sério com a independência do poder judicial, a liberdade de imprensa e a transparência do Governo", disse Clinton na altura, um ano depois da primeira eleição de Orban.  
 
Desde 2010, ano em que assumiu os destinos da Hungria, o primeiro-ministro húngaro, admirador declarado de regimes políticos como os que vigoram na Russia e na Turquia, tem sido acusado por vários líderes europeus de minar a democracia húngara e de levar a cabo políticas pouco liberais. Foi reeleito para um segundo mandato nas eleições de 2014.
 
As acusações subiram de tom no ano passado, quando o Governo de Budapeste ordenou a construção de um muro de arame farpado na fronteira com a Sérvia, de forma a impedir a passagem de migrantes pelo país.  
 
Orban recusa totalmente a adoção de uma política migratória comum no seio da União Europeia. O sistema de quotas obrigatórias defendido por Bruxelas, onde se estabelece que cada país da União Europeia deve acolher um determinado número de refugiados, será mesmo alvo de referendo no país. A votação está marcada para dia 2 de outubro.
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