Violência é um dos travões ao desenvolvimento da América Latina

por RTP
Jose Cabezas - Reuters

A falta de segurança e o subdesenvolvimento são temas problemáticos que afectam os países da latino-americanos. Só o ano passado foram registados 135 mil homicídios. Pudesse o dinheiro gasto no combate à violência ser aplicado noutras áreas e a região aumentaria em 25% o PIB. A questão foi discutida no encontro de especialistas do Banco Interamericano de Desarrollo (BID), que está a decorrer esta semana em Buenos Aires.

Nos últimos dez anos o problema da insegurança “tem vindo a piorar sistematicamente”, afirmou Eugenio Burzaco, secretário de Segurança Interna da Argentina e anfitrião do encontro em que participam representantes de 16 países.

Burzaco explicou que a Argentina possui um índice de seis assassinatos por cada 100 mil habitantes, número duas vezes maior do que há 20 anos, o que não impede que o índice de segurança do país continue a ser dos melhores da América Latina. A violência em geral - e os homicídios, em particular - têm originado gastos elevados em segurança, o que impede a aplicação dessas verbas noutras áreas e consequente evolução económica dos países latino-americanos.

Na Venezuela, 53 em cada 100 mil habitantes são assassinados anualmente, seguindo-se a Colômbia com 31, o Brasil com 28 e o México com 19. Este problema tem originado custos elevados a nível de segurança, impedindo a evolução económica dos países afetados e obrigando os habitantes a emigrar para a Europa e Estados Unidos.

O combate à violência e os danos causados pela mesma têm um custo de cerca de 120 mil milhões de dólares por ano, o equivalente a 200 dólares por cada habitante da América Latina. Estes números revelam que, caso os problemas de segurança fossem semelhantes aos dos restantes países do mundo, a América Latina poderia ter um PIB per capita 25 por cento superior ao atual.

Segundo o BID, cerca de 51 milhões de dólares são gastos anualmente em policiamento num continente onde a média de homicídios ronda os 23 por cada 100 mil habitantes, o dobro do continente africano e o quíntuplo do asiático.

Natalie Alvarado, coordenadora da área de segurança do BID, considera que “os sistemas prisionais estão em crise porque são centros de crime onde, em vez de se reabilitarem os jovens delinquentes, estes aprendem melhores técnicas [do crime]”.

E, apesar de os cidadãos exigirem maior presença policial nas ruas de modo a controlar a crescente violência, Alvarado defende que a estratégia para a resolução do problema não passa apenas pela contratação de mais agentes, mas principalmente por uma reforma no sistema policial.
Tópicos
pub