Julgo que todos sabem que há no país uma divisão evidente entre quem apoia a atual solução governativa e aqueles que sentem que houve um assalto ao poder por parte dos partidos de esquerda. Mas muitos há também que não estão minimamente preocupados com quem governa os destinos do país, tal é o descrédito em que mergulhou a classe política.
Esta semana conheci um jovem (de 35 anos) investigador que tirou a primeira licenciatura no Instituto Politécnico de Bragança, em Engenharia Biotecnológica.
Pedro Ferreira ganhou em 2004 uma bolsa e foi então para Estocolmo, na Suécia, onde fez doutoramento no Instituto Kariolinska em ciências médicas.
Não foi um dos chamados cérebros em fuga, tão famosos no auge da crise financeira em Portugal, foi porque quis, não por necessidade.
O percurso dele acabou por bater de frente com o combate à malária. Passou por meio mundo à procura de soluções para ajudar a matar a doença. Depois de três anos em Nagazaki no Japão, e já pai, decidiu voltar a casa, a Penafiel, onde cresceu sem luxos, filho de uma cozinheira e de um empregado de mesa.
Quando tomou a decisão, candidatou-se, ele e outros 1.500 investigadores de todo o mundo, a uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Venceu. Tem 200 mil euros para continuar a investigar a malária. Escolheu a Universidade do Minho como hospedeira. Podia ter ido para qualquer lugar do mundo. Todas as portas estavam abertas, mas preferiu outra. Aqui, cá no seu país.
Porquê? Considera que tem uma dinâmica que outras não têm em Portugal. Não há salamaleques, nem barreiras.
Ele, Pedro Ferreira, tem nos contactos do telemóvel vários números de telefone de prémios Nobel. Ele, Pedro Ferreira, acha que a chave para o sucesso é a união de esforços, a convergência de objetivos, a ausência de barreiras. Para ele nada é estanque, tudo pode ser harmonizado, quando o desígnio da procura é o bem comum. Quando todos pensarem assim derrubam-se muros.