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Imagens de morte, medo e pânico

Por muito que folheie o dicionário, por muito que a minha imaginação esteja em boa forma, a verdade é que faltam sempre palavras para explicar o que a alma não consegue entender. Os sentimentos não são suficientes para descrever o que se passou em Nice. O mundo sofreu um atentado, os homens bons foram cruelmente feridos.

A cidade morta, como lhe chamaram na manhã de sexta-feira, não corresponde à verdade, embora traduza o desânimo, o medo a injustiça que aquele camião provocou.


A escolha do dia 14 de julho para mais um ataque terrorista em solo francês atesta os valores que os autores da chacina querem abater; a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a tolerância.

Princípios que orientam a sociedade francesa, apesar da progressão dos nacionalistas e a má impressão que deixaram ao falar tão mal da seleção portuguesa. São nuvens passageiras e minudências que fazem parte da vida, porque aqueles valores estão no ADN dos franceses.

É hora de lembrar que a França nas últimas cinco décadas acolheu mais de um milhão de portugueses, colo para imigrantes, solo multirracial. O lado negro de mosaico cultural também explica a progressão dos extremistas no país.

Em França, ou fora do continente europeu, um atentado terrorista é sempre terrível. Será que não é tempo da comunicação social refletir e agir? Ou seja, é certo que é preciso informar, ponto assente. Mas ao alimentar horas intermináveis com diretos do palco do horror não estão assim a ser cumpridos os objetivos dos assassinos?

A difusão do pânico é a vitória dos maus destas fitas de «Híper-realismo» horroroso.

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