Já está

Nas últimas semanas apareceu a chave. Não estava perdida, julgo que esteve apenas guardada para os lados do Palácio de Belém. Era apenas uma questão de tempo, diziam os menos crentes na cooperação estratégica. Cá para mim tenho por certo que ela irá ainda ficar sem uso, mas como tudo na vida esse, descanso da chave parece ter agora fim anunciado.

Até às eleições para as autarquias, não deve estar comprometida a estabilidade política e governativa. O otimismo irritante foi o tiro de partida, ou talvez, apenas o primeiro sinal. É preciso ver quem vai ganhar as autárquicas, e então a fechadura vai ser penetrada.

As capacidades de Marcelo Rebelo de Sousa foram sempre mais além que a tirada fácil, a braçada forte para mergulhar nas águas cálidas do Tejo ou nas mais danadas do Atlântico. O corpo do Presidente contorce-se bem ao ritmo das músicas de África, mas também ao das afinidades politicas que nunca negou. Apesar do crescente distanciamento que tem vindo a cultivar nos anos mais recentes com os donos da laranja política, Marcelo prefere o sumo ao perfume da rosa, que tem agora mais espinhos e para muitos está mais carregada, mais vermelha.

Toda a habilidade reconhecida, aplaudida e ainda em estado de graça do antigo comentador, não parece ser suficiente (ou será) para fazer o pino, dançar na corda bamba, fazer malabarismos marciais e sorrisos amarelos ao ritmo das cantigas de Bruxelas.

Quer se queira quer não, Portugal não deixou de ser alvo, continua na mira, estará sempre sob fogo. Para agradar cá dentro e lá fora e conseguir manter a "coisa" governativa acarburar, Marcelo precisa de toda a sabedoria, precisa saber tanto de alongamentos como levantar pesos ou fazer a maratona. O ginásio da política nacional está muito competitivo.

Como diz um amigo meu, Marcelo já apitou, e das duas uma: Ou é, Costa ou ganhas ou saltas ou Passos esforça-te e eu dou um "empurrão". Só não percebi se é para Passos arrasar nas autárquicas ou se para o expurgar da laranja.    

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