O eterno retorno da mentira

Um amigo daqueles que vivem do lado esquerdo do meu peito, como dizia a canção brasileira, viu o seu nome envolvido numa campanha suja ampliada pelas redes sociais.

A motivação política é difícil de entender. Sei que nada do que foi escrito corresponde à verdade. Mas por muito que seja reposta a realidade dos factos é difícil sobrepor-se à mentira.

Não lhe telefonei, nem nada. Não achei que devia.

Sei que a mentira é coisa que lhe arde no peito, não quis lembrar-lha. Considero este silêncio como a atitude mais respeitadora da dignidade porque também tenho a certeza que este meu silêncio contraria a regra, ou seja, não aprova tacitamente. O meu amigo sabe disso, não sabes?

Ele foi injustamente envolvido na polémica das licenciaturas falsas que varreu os gabinetes do governo.
A mentira é agora também digital, território de eleição para destruir carreiras, amplificar rumores e calúnias. Mas também muito fértil de notícias falsas, um problema que o fundador do Facebook prometeu solucionar com a certeza que a tarefa é complexa, do ponto de vista técnico e filosófico. Contra a mentira noutra rede, no Twitter, a agência de notícias Reuters criou uma ferramenta que permite classificar por graus a credibilidade das fontes. Um caminho que tem também sido tentado por outras agências e jornais, mas que ainda não chega.

O que já chega é vermos a realidade das coisas contada pela metade, sobretudo por quem tem obrigação de nunca faltar à verdade: porque, como escolheu para título de um dos seus bons livros o meu amigo Manuel Jorge Marmelo, uma mentira mil vezes repetida…o mais certo é virar verdade.

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