Os Fantoches Terroristas

Da apologia do terrorismo e dos contos para criancinhas com violações, abortos e assassinatos ao direito à liberdade de expressão. Que Carnaval este, em Madrid…

“Gora Alka – ETA” (Viva Al-Qaeda – ETA). Estas três palavras, inscritas num pequeno cartaz, durante um espectáculo de fantoches, deixaram Espanha virada do avesso durante os festejos do Rei Momo.
A denúncia partiu de alguns pais que, ao assistirem a um teatro de rua, ficaram muito indignados com o cartaz. Não queriam acreditar no que estavam a ler. Pegaram nos telemóveis e, ali mesmo, em pleno bairro de Tetuán, com os filhos ao colo, ligaram à polícia.

Os dois manobradores de fantoches foram detidos no local, ainda de bonecos nas mãos e sem direito a fiança, acusados de fazer a “apologia do terrorismo” num país que foi massacrado pela ETA e não esquece os atentados de 2004. Em Espanha, o Estado securitário sobrepõe-se, naturalmente, ao Estado dos Direitos Fundamentais. Sinais dos dias que vivemos…

Para trás fica um espectáculo onde o cartaz é, apenas, um pormenor numa estória “infantil” em que uma bruxa é violada; onde a própria mata o violador; tenta abortar espetando uma faca no ventre e o juiz, que a tenta julgar, é enforcado. Algo inocente, decerto, que não levou os pais atentos dos espectadores de palmo e meio a detectar ou denunciar qualquer irregularidade. Sinais dos nossos tempos…

Não se sabe, ao certo, quantas vezes representaram a peça La Bruja y don Cristóbal, nem quantas crianças a terão visto (antes em Granada e, depois, em Madrid). No momento da detenção eram três dezenas, trinta (30) com idades entre os três (3) e os seis (6) anos.
 
Regressando à “apologia do terrorismo”, os detidos são membros da companhia Titeres desde Abajo, foram contratados pela Alcaide de Madrid Manuela Carmena, que agora está debaixo de fogo com protestos nas ruas e nas redes sociais pela libertação dos “artistas” e pela liberdade de expressão.
Aqui d`el Rey… que tempos estes, que fantochada!

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