Um burlão português em Espanha... ou será Catalunha?

Viveu à grande, enquanto a burla durou. Um homem de 26 anos hospedou-se em 14 hotéis de luxo de Barcelona, sem pagar nada. Para trás, deixou calotes em cima de calotes. Ao todo, mais de 7500 euros por pagar. É português, deve adorar filmes de Hollywood.

O "Apanha-me se puderes" terminou há duas semanas numa região que, todos os dias, diz a Madrid "agarra-me, se não eu fujo"... de Espanha. Pode chamar-se Paulo, Carlos ou Miguel, ter como sobrenome Silva, Moreira ou Santos. Isso não interessa, o que importa é que não é Leonardo DiCaprio que protagoniza este verdadeiro enredo, que Spielberg podia realizar.

O português alojava-se nos melhores quartos, dos melhores hotéis de Barcelona, fazendo-se passar por um homem rico e, decerto, um rico homem. Durante a estadia abusava nos extras, que pagava com cartões de crédito... sem crédito. No fim, desaparecia sem dar gorjeta ao empregado do quarto e, muito menos, pagar a fatura.

Os Mossos d´Esquadra, um corpo de polícia criado única e exclusivamente para a comunidade catalã, caçaram o espertalhão depois de várias denúncias. No bolso tinha três chaves. Três chaves de três quartos de hotel... de luxo.

Na mesma semana em que Mariano Rajoy recebe, finalmente, o Presidente do Governo Catalão (recordo que Carles Puigdemont foi eleito há mais de três meses), apeteceu-me contar-vos esta história hilariante de uma fraude à espanhola, ou será "à catalã" de um burlão português.

Os governantes catalães, liderados por Puigdemont, antigo alcaide de Girona e Presidente da Associação de Municípios pela Independência, continuam a insistir na separação de Espanha. "Viva a Catalunha livre", foi assim que terminou o discurso, depois de ser investido Presidente da Generalitat, numa sessão onde se assobiou o Rei e apupou Espanha.

Agora, promete regressar de Madrid, da reunião com o ainda chefe do Governo de um país que desdenha, com o referendo debaixo do braço. Uma consulta popular ao povo catalão, ao sim ou ao não a um Estado soberano e independente, fora de Espanha: a República da Catalunha.

Também esta semana, Ada Colau, presidente da câmara de Barcelona, que recusa comemorar o Dia da Constituição Espanhola, anunciou que não vai permitir a instalação de ecrãs gigantes, nas ruas da cidade, para acompanhar os jogos da seleção espanhola, no Europeu de Futebol de junho, em Paris.

Não teriam qualquer custo para a autarquia, mas Colau entende que podem "perturbar o descanso dos vizinhos, a ordem pública e a segurança". Curiosamente, não terá tido a mesma preocupação quando o próprio "Ayuntamiento" pagou ecrãs idênticos para transmitir a sua própria sessão de investidura. É a seleção espanhola, se fosse o Barça seria diferente?

Quanto ao burlão português, já está em liberdade, talvez a tomar um duche revigorante noutro hotel desta Espanha tão singular.

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