A violência da guerra e a propaganda

Estamos todos chocados com as imagens brutais, alegadamente dos dias de hoje em Alepo. Ver crianças a sofrer assim, o grau de destruição da cidade, a brutalidade dos combates que envolvem tantos lados e fações, que dificilmente entendemos a razão, se é que ela existe.

O meu camarada Paulo Dentinho afirmava esta semana na RTP que na Síria só há maus e que uns serão menos maus que outros. Como em todas as guerras - recordo sempre os bombardeamentos a Sarajevo e o ignóbil ataque ao mercado da cidade, que acabou por mudar o curso da guerra - há um forte e sujo jogo de propaganda. Quem quer mais apoios internacionais joga com as imagens, com os alegados massacres, com o drama de inocentes para ganhar vantagem.

Não sei se é isso que está a acontecer em Alepo, mas devemos questionar tudo. Será que os bombardeamentos russos causam sempre danos colaterais e provocam aquilo que vemos e os americanos e a coligação internacional, que largam milhares de bombas por dia, acertam milimetricamente nos alvos militares, nunca provocando a morte a nenhum civil? Serão estes rebeldes, que se misturam com o estado islâmico e mais uma dúzia de movimentos terroristas, “meninos do coro” que não provocam nunca danos nos civis que vivem do lado das tropas de Assad?

Uma freira que viveu em Alepo confessava à RTP que estes rebeldes de Alepo não deixam sair da cidade os civis, as crianças, as mães, as famílias, para manterem verdadeiros escudos humanos nos pontos vitais.

Sabemos também que, como tem acontecido nas mil e uma guerras, é fácil deslocar armamento para um hospital, atraindo um bombardeamento aéreo, que vai provocar depois as imagens que vemos e o drama de mil e um inocentes apanhados no meio destas guerras. Estou de acordo com o Paulo.

Na Síria só há mesmo maus e teremos que viver com um deles, que terá obviamente as mãos demasiado cheias de sangue e a consciência de quem fez de tudo para se manter num qualquer poder. Os civis que vemos nestas imagens mostram a tragédia das guerras mas são eles também vítimas da estratégia de quem nunca as quer perder.

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