Demasiados líderes com o dedo no gatilho

A semana fica marcada pela ameaça de novos conflitos. A Coreia do Norte fez um ensaio com um míssil de longo alcance, ignorando os avisos e as ameaças da ONU e da comunidade internacional.

A Turquia confirmou que vai continuar a fazer ações militares dentro da Síria e que atacará também as bases do PKK. A Rússia mantém a pressão na fronteira com a Ucrânia com combates violentos. Israel foi a Washington ouvir Trump falar de paz, deixando cair a ideia de um estado palestiniano.

Os Estados Unidos admitem fazer uma intervenção na Síria para acabar com o domínio do estado Islâmico. No cerco a Mossul, no Iraque, há inúmeras milícias que ninguém controla, coligadas numa estranha aliança que poderá degenerar depois numa nova guerra pela posse de território e domínio dos lucros da exploração petrolífera. Aqui fica ainda por resolver a parte da equação relacionada com a criação de um estado curdo, que a Turquia dificilmente aceitará.

O cenário complica-se diariamente com as lideranças de Trump e de Putin a tentarem equilibrar forças, já com um escândalo pelo meio e a primeira demissão na equipa da Casa Branca.

São dias de grandes interrogações onde percebemos um papel mais ativo de António Guterres na ONU, com atenção especial às conversações de paz para a Síria. Tentará ele evitar que a guerra se complique ainda mais, com mais atores, novas intervenções no terreno, desequilibrando alguma estabilidade conseguida à volta de Assad, muito com a ajuda da Rússia.

O mundo parece ainda não ter percebido que derrubar a liderança de um país, sem uma alternativa sólida para o dia seguinte, é uma solução sempre pior que a do momento. Há demasiados exemplos a provar esta ideia, que a pressa com que se quer escrever agora a história, ganhando protagonismo na cena internacional, dá claros sinais de ignorar.

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