O alarme social e a informação

Estes têm sido dias de alvoroço, verdadeiro alvoroço nas tranquilas aldeias das esquecidas serranias de Vila Real e Arouca. Imagino o aperto no coração de quem ali vive, com o autêntico massacre informativo à volta das buscas do “piloto” de Aguiar da Beira.

Estes dias revelam uma imensa falta de responsabilidade, com a desesperada tentativa de captar audiências, a deixar de lado qualquer preocupação com a vida e com a estabilidade emocional que quem já tem isolamento e privações que cheguem. 


O caso é importante, mas não me parece que justifique horas e horas de diretos, sem nenhum dado novo, sem nenhuma informação verdadeiramente útil. Esta banalização do direto pode até parecer resultar num ganho imediato, mas mesmo quem ainda está agarrado à televisão irá perceber que é tempo perdido e que, afinal, muito do que se foi dizendo naquelas longas horas eram meros exercícios de adivinhação. 

Os jornalistas estão na véspera de um importante congresso e este deverá ser um tema para pensar seriamente, não deixando cair a nossa nobre função de informar, formando e ajudando a pensar, num mero ato de “encher chouriços” com banalidades e futilidades que em nada ajudam quem nos segue. 

O direto deve mostrar o que está a acontecer, quando está a acontecer. O resto é um mero espetáculo que não deveria caber num telejornal de televisão. 

Estes são também dias para se perceber a diferença de posturas deixando na mão de quem segura o comando de televisão a escolha de uma informação verdadeiramente rigorosa e com o que verdadeiramente conta. Está sempre na nossa mão a escolha, basta decidir.

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