O que pagamos aos bancos

O Banco de Portugal defende que a taxa Euribor já não reflete os custos de financiamento dos bancos quando concedem empréstimos e que deve ser criado um indexante autónomo que aproxime o custo dos créditos à remuneração dos depósitos. A afirmação é curiosamente feita numa altura em que a Euribor está em valores negativos, beneficiando mais os clientes que a banca.

É curioso o debate, nesta altura, depois de a banca ter feito finca-pé na questão dos juros quando eles estavam em alta, desgraçando inúmeras famílias que não conseguiam pagar os compromissos. Sim, na altura eram compromissos. Agora os bancos já falam em mudar as regras, vendo ameaçada a sua margem de lucro. Mas será que isto vai valer também quando os juros subirem? Teremos, como clientes, a mesma abertura para um outro enquadramento legal que nos proteja?

A questão da banca continua a ser um tema sensível. Na maré dos juros já tivemos altas, baixas, grandes ganhos da banca e muitos poucas vezes ganhos significativos para quem depende do crédito para comprar uma casa para viver.

O crédito habitação deveria sair claramente deste esquema de “roleta” assumindo-se como uma forma de incentivar as famílias a terem o seu espaço, digno, a um custo previsível e controlado. Deixar este fundamental crédito dependente de oscilações de mercado e na carteira dos produtos lucrativos dos bancos será sempre um risco onde quem perde na maioria dos casos são os consumidores.

Para os bancos haverá sempre a necessidade de alterar uma qualquer lei, em nome da sustentabilidade do sistema. Para as famílias há apenas a opção de pagar…os compromissos.

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