De bestial a besta e vice-versa

Podem dar as voltas que quiserem mas o futebol é o momento. A valia de uma equipa, de um jogador, de um treinador, tem de ser medida momento a momento.

É certo que quanto mais consistente e mais prolongado for esse momento, muito maior será o seu valor. Isso é indesmentível, e há vários exemplos como o Barcelona ou o Manchester United, a nível internacional, ou Sporting dos anos 50, o Benfica nos anos 60 e 70 e o FC Porto nos anos 90 do século passado ou no início deste século, a nível interno. Há alturas em que se pode mudar tudo que no fim os resultados são sempre os mesmos.

Ao olharmos, com atenção, para aquilo que se passou na liga portuguesa 2015/2016 e se recuarmos quatro meses, não é preciso mais, tínhamos um Sporting a jogar um futebol ofensivo de grande qualidade, vistoso, alegre e capaz de levar tudo e todos à frente. Nessa altura o que se discutia era por quantos pontos de vantagem ia a equipa de Jorge Jesus sagrar-se campeã nacional. Discutia-se se Rui Vitória era o homem certo no lugar certo e as dúvidas eram maiores que as certezas. Sejamos claros, a maioria dos analistas e dos adeptos duvidava das suas capacidades.

Hoje, a discussão é outra totalmente diferente. Afinal o treinador do Benfica sabe e muito de futebol, de tal maneira que até foi capaz de fazer uma equipa de qualidade, depois daquele começo titubeante, e sem recorrer a grandes estrelas internacionais. 


Renato Sanches e Pizzi são obras acabadas do treinador de Vila Franca de Xira. No centro da discussão está agora o até então muito elogiado Jorge Jesus. Afinal já há quem comece a pensar que talvez ele não seja assim tão bom como parecia há quatro meses, esquecendo o seu passado recente.

A norte, no Dragão, a discussão já dura há mais tempo. O super e fantástico conjunto de jogadores, que muitos diziam ser o melhor plantel do futebol português, está agora reduzido a dois ou três jogadores de qualidade, já que quanto ao resto o melhor é nem falar no assunto. Os elogiados Brahimi, Herrera e Casillas são agora alvos de uma chuva de críticas que conseguem colocar em causa carreiras sólidas, construídas ao longo de muitos anos e alicerçadas na conquista de muitos títulos.

De besta a bestial e de bestial a besta é um passo demasiado curto neste maravilhoso mundo da bola. Mas é também isto que torna o futebol uma atividade loucamente apaixonante. Todos a discutimos – TODOS MESMO – todos temos as nossas opiniões, por mais disparatadas que às vezes pareçam.

Quanto à atual liga portuguesa, nem Jorge Jesus desaprendeu, nem Rui Vitória é o maior e nem o FC Porto está acabado. O campeonato está vivo, interessante e sem que alguém consiga antecipar o campeão. E isso é ótimo! Ou preferiam aquilo que se passa em França ou na Grécia?

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