Haja paciência!

Dizer mal do cidadão Ronaldo e do futebolista Ronaldo tem sido um dos desportos mais praticados nesta última semana por muitos adeptos e comentadores, como se a responsabilidade de a Seleção Nacional não marcar golos fosse um exclusivo do CR7. Ou dele ter um ego grande ou pequeno. Não é.

Como é fácil de entender, eu, como não sou ingrato – outro dos desportos favoritos dos portugueses – volto a dizer que estamos perante um dos melhores jogadores do Mundo, a quem a equipa portuguesa, o futebol português e a Federação Portuguesa de Futebol muito deve. Já sei que alguns dos que me estão a ler vão dizer que estou a soldo do madeirense ou de alguém próximo dele. Não é verdade. A minha única fonte de receita vem do meu trabalho. É certo que tem o seu feitio mas alguém acredita que se não fosse o madeirense, a sua qualidade e a sua forma de ser, o futebol português tinha a dimensão que tem atualmente? Eu não só não acredito nisso como tenho a certeza do que estou a dizer, seja em receitas, em respeito e consideração e mesmo em rendimento desportivo, o mais importante. Pior cego é mesmo o que não quer ver!

Ao longo destes últimos dias a equipa que tinha saído de Lisboa como uma das grandes favoritas à vitória final no Europeu vai regressar a casa sem honra nem glória. Somos um povo tramado que viaja do oito ao oitenta à velocidade da luz. Já li e ouvi que o selecionador fez mal em dar cinco dias de férias ao Ronaldo e ao Pepe porque os líderes do grupo não podem ter direito a férias! Mas não tiveram todos? 


Também já li e ouvi que a preparação está outra vez mal feita porque em Paris está frio e chuva e em Lyon está muito calor e tempo seco. Tal qual o que se passou no Brasil. Não aprendemos nada. Somos uns burros é o que é. Isto para não falar na clubite que assola as análises de muitos dos adeptos e dos comentários que atingem Fernando Santos com violência, principalmente nas redes sociais – esse esgoto a céu aberto do século XXI.

Nestas situações lembro-me sempre de uma professora que tive na escola secundária, no 10º ano, que me dizia quando uma vez reclamei de uma nota no 1º período que isso era como terminava e não como começava. Abençoado e sábio conselho que tenho seguido ao longo de toda a minha vida. No futebol isto ainda é mais verdade e a equipa portuguesa que tão atacada tem sido nesta última semana pode hoje colocar todos esses críticos em sentido. Para que isso aconteça bastar ganhar à Hungria e ser a primeira classificada no grupo. 

Se é isso possível? Claro que é. Será mesmo o mais normal e basta que Ronaldo e companhia concretizem uma ou duas das muitas oportunidades que criaram nos jogos com a Islândia e com a Áustria, já que, em minha opinião, a seleção até está a jogar um futebol agradável e competitivo. Comparar esta equipa com a que esteve no Mundial do Brasil há dois anos, que nem se mexia, é comparar a estrada da beira com a beira da estrada e como se sabe são realidades bem diferentes.

Dito isto, insisto e sublinho o que aqui escrevi há umas semanas. A seleção portuguesa de futebol vai chegar, no mínimo, aos quartos-de-final do Euro 2016. E não sou um irritante otimista como o outro. Sou apenas realista. Sendo que, em minha opinião, o verdadeiro europeu de futebol só nessa fase vai começar, depois de saírem de cena as equipas defensivas e que vieram a esta competição jogar para o ponto, esquecendo-se de jogar futebol, o que nos facilita a vida já que vai passar a haver mais espaço para jogarmos e marcarmos. 

Já agora e a este propósito, uma vez que Michel Platini não faz parte da UEFA, não seria uma boa ideia que o Campeonato da Europa de Futebol voltasse a ter 16 equipas? Não seria uma boa ideia que só aqui chegassem equipas com qualidade e que não se limitem a defender como a Islândia, a Áustria, a Eslováquia, entre outras? Para mim, e acho que para a maioria dos adeptos, era ótimo. Só não sei é se os cofres da UEFA estão para aí virados mas isso são outros quinhentos.

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