De Travassos a Deco, 10 camisolas 10 do futebol português

por RTP

O número 10 tem no futebol um simbolismo especial e entre o "violino" Travassos e o "mágico" Deco, vários jogadores envergaram nos relvados portugueses a mítica camisola, imortalizada pelo argentino Maradona e pelo brasileiro Pelé.

Na histórica equipa do Sporting dos "cinco violinos", Travassos era o interior-direito e era o 10 de uma formação na qual pontificavam ainda Albano, Jesus Correia, Peyroteo e Vasques.

Por ter sido o primeiro português a actuar na selecção da Europa, em 1955, Travassos, internacional português em 35 ocasiões, ficou conhecido pelo Zé da Europa, tendo sido imortalizado no cinema, quando um golo seu ao FC Porto surgiu no "Leão da Estrela", levando à loucura António Silva.

No Sporting, conquistou oito campeonatos nacionais e duas Taças de Portugal, marcando 122 golos de "leão" ao peito.

Primeiro africano - nasceu em Moçambique - a levantar a Taça dos Campeões Europeus, Mário Coluna vestiu a camisola 10 no Mundial de 1966, em Inglaterra, capitaneando a selecção portuguesa que chegou ao terceiro lugar na sua estreia em grandes competição nacionais.

Fundamental nos anos de ouro do Benfica, que conquistou dois títulos europeus em 1961 e 62, Coluna foi eleito como um dos 100 melhores jogadores mundiais do século XX.

Sete anos mais novo que Coluna, Eusébio da Silva Ferreira deixou a sua marca com a camisola 10 do Benfica, embora actuasse numa zona mais ofensiva do terreno, que lhe permitiu apontar 733 golos em jogos oficiais.

Com a camisola 13, o "pantera negra" foi o melhor marcador do Mundial de 1966, com nove golos, e ficou para a história o choro compulsivo após a derrota com a Inglaterra na meia-final da prova.

No Benfica, além dos dois títulos europeus, Eusébio conquistou 11 campeonatos nacionais e cinco Taças de Portugal, e foi duas vezes o Bota de Ouro europeu, tendo sido votado como um dos 10 melhores jogadores mundiais de sempre.

O peruano Teófilo Cubillas chegou ao FC Porto com o estatuto de estrela, que confirmou ao apontar 65 golos em 108 jogos pelos "dragões".

Contudo, Cubillas não conquistou qualquer título no FC Porto, mas continua a ser o peruano com mais golos na primeira divisão (268 golos) e o melhor marcador da selecção do Peru, com 45 tentos.

A "seca" de 19 anos sem títulos do FC Porto acabou em 1977/1978, numa equipa treinada por José Maria Pedroto e em que a camisola 10 era vestida por António Oliveira, que marcou 19 golos nessa campanha, em que foi utilizado em todos os encontros.

A boa carreira no FC Porto levou-o para o Betis de Sevilha, mas não foi feliz na aventura em Espanha e regressou aos "dragões", tendo depois jogado no Penafiel e no Sporting, no qual começou a carreira de treinador, levando a selecção às fases finais do Euro96 e do Mundial2002.

Com sentido contrário, Futre iniciou a carreira no Sporting, mas acabou por ser no FC Porto que viveu os grandes momentos da sua carreira, com especial destaque para a conquista da Taça dos Campeões Europeus em 1987.

Apesar de ser extremo, Futre actuava com a camisola 10, mas o esquerdino viu a sua carreira ser afectada por graves lesões no joelho, apesar de ainda ter actuado no Benfica e no AC Milan.

Figura proeminente na excelente campanha no Mundial94 da Bulgária, quarta classificada, Krasimir Balakov vestiu a camisola 10 do Sporting entre 1991 e 1995, tendo conquistado uma Taça de Portugal na sua última temporada em terreno luso.

Nos 18 anos sem títulos do Sporting, Balakov integrou uma das melhores equipas dos "leões", na qual actuavam também Luís Figo, Naybet, Iordanov, Peixe ou Oceano.

O seu amor ao Benfica fê-lo sair do clube para melhorar as condições financeiras na Luz, mas Rui Costa acabaria por regressar a Lisboa, após 12 temporadas de sucesso em Itália.


Rui Costa começou a dar nas vistas no Mundial sub-20 de 1991, em que comandou Portugal à conquista do segundo título, tendo sido ele que marcou a decisiva grande penalidade que deu o ceptro à equipa das "quinas".

Depois de ter sido campeão em 1993/94, Rui Costa partiu para a Fiorentina, ganhando em Itália o cognome de "Príncipe de Florença", antes de se transferir para o AC Milan.

A camisola 10 do Benfica esteve sempre à sua espera e acabou por regressar à Luz em 2006, realizando duas temporadas antes de assumir o cargo de director-desportivo das "águias".

Na selecção portuguesa, vestiu a camisola 10 nos Europeus de 1996, 2000 e 2004 e no Mundial de 2002.

O herdeiro de Rui Costa na selecção acabou por ser o luso-brasileiro Deco, que veio para Portugal para jogar no Benfica, mas nunca actuou pelos "encarnados", acabando por ser decisivo no FC Porto.

Anderson Luiz de Souza chegou aos "dragões" em 1998/99 e conquistou três títulos nacionais, os dois últimos sob o comando de José Mourinho, a quem ajudou a conquistar a Taça UEFA (2002/03) e a Liga dos Campeões (2003/04).

 

C/Lusa

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